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Quinta-feira, 27/7/2006
Blog
Redação
 
Tin-tin!

É em clima de festa que inauguro esse blog (afinal, acabo de festejar mais um aniversário) e não poderia estar em lugar melhor: de férias na Bahia. Considerando-se que vou tratar de comida e bebida, e que sou um fã incondicional da culinária baiana, já adianto que esses dias (chuvosos) em Salvador devem render alguns bons e apimentados posts.

No mais, relaxem e aproveitem. Prometo não enveredar pela crítica gastronômica especializada, mas sim apresentar dicas de lugares, comidas, bebidas, eventos e até mesmo receitas, já testadas (e aprovadas) ao longo de inúmeras madrugadas "pós-balada", naquelas altas e bem conhecidas horas quando bate aquela fominha e não resta outra alternativa a não ser encarar um fogão às 4 horas da manhã. Tampouco pretendo me limitar à alta gastronomia, já que os grandes achados encontram-se muitas vezes em locais simples e despretensiosos.

E é nessa mesma linha, franca e direta, que pretendo levar este blog. No balanço das ondas e com pitadas (apimentadas) de humor, claro. É isso. Mãos à massa que já falei demais e a água já ferve no fogão...

Marcelo Katsuki, no em seu blog, na Folha (uma dica do chef Carlos Ribeiro, por e-mail)

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Postado por Julio Daio Borges
27/7/2006 às 09h02

 
Festival de interatividades

O Festival de Inverno da UFMG este ano, em sua 38ª edição (são 40 anos!), teve como tema "interatividades". De fato, nunca vi tanta fusão, tanta confusão e tanta cooperação. Sem o menor tipo de estresse, alunos e professores de oficinas diferentes se esbarram pelas ruas de pedra pura e formulam mil maneiras de interagir. E isso realmente acontece!

O Festival 2006 está vazio. Vazio de gente, vazio de gandaia, vazio de arruaça. Em Ouro Preto, a organização começou a ter problemas com baderna, briga, assassinato. Entre outros motivos, estes foram os que trouxeram o Festival para Diamantina, 5 horas de ônibus distante da capital mineira. Essa distância desencoraja uma viagem com intenção de balbúrdia. Daí que estão aqui as pessoas da região (a porta do Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas), belo-horizontinos que procuram oficinas com feras da música, das artes plásticas e da literatura e gente do país todo atrás do patrimônio da humanidade.

Algumas oficinas funcionam com 10 alunos, outras, com 1. E isso não impede o Festival de continuar. Só mesmo a universidade pública para trabalhar com esse contingente. Dali saem vídeos, poemas, músicas, peças.

A primeira semana da festa terminou no sábado, dia 22 de julho. Para finalizar, mil produtos de oficinas ficaram à mostra. Nesta segunda semana, vêm acontecendo, entre outras, as oficinas de Marcelo Dolabela (poesia), Álvaro Garcia (artes digitais), Esdras Neném (músico), Rodrigo Minelli (vídeo) e todas confluem, de alguma maneira mirabolante.

O site www.ciclope.art.br é, atualmente, um "sítio de imaginação" onde acontecerão, em palavra e movimento, os produtos de todas as oficinas que terminam nesta sexta, dia 28. Estaremos lá também os escritores de micro poemas para Internet e para celular. Tem valido a pena, especialmente para quem veio trocar idéias, fazer conexões. Nem o frio parou aqui. O negócio é interagir.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
26/7/2006 às 19h39

 
Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Manuel Bandeira, claro, sobre a morte (porque eu peguei para ler o Testamento de Pasárgada)

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Postado por Julio Daio Borges
26/7/2006 às 08h49

 
Música Discreta

Por ora, meus podcasts exploram uma relação intuitiva e amorosa entre fala e música, mediada pela tecnologia ou pelo elemento dramático, dentro basicamente da esfera estética da música contemporânea experimental. Os caminhos de linguagem para o podcasting são amplos e sedutores: tenho mantido alguns elementos da linguagem radiofônica, mas nem todos... Abandonei a idéia de vinhetas e prefixos. Não radicalizei a ponto de ser totalmente realista, documentarista de minha intimidade; mas é possível conhecer um pouco da "paisagem sonora" de minha casa e cercanias se ouvir bem com atenção nos ruídos ao fundo de minhas locuções... É possível, sim, acompanhar meu pequeno paideuma, minhas serendipities... Inscrições maiores em minha vida sonora: "escuta como uma função de inteligêcia, isto é, de seleção" (Barthes).

Roberto D'Ugo Jr me explicando, por e-mail, a idéia de seu podcast, Música Discreta (porque ele saiu da Cultura FM...).

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Postado por Julio Daio Borges
25/7/2006 às 09h18

 
Menos dois no palco

Entre os meus amigos de infância, na Vila Mariana, em São Paulo, havia dois irmãos, chamados Flávio e Paulo. Moravam em uma rua próxima, em um sobrado. Gostava de brincar com eles. Flávio era um pouco mais quieto, Paulo mais extrovertido, brincalhão. Não tenho lembranças dos pais dele, acho que moravam apenas com a mãe. Apenas muitos anos depois, já adolescente, fui saber quem era o pai daqueles meus colegas. Chamava-se Gianfrancesco Guarnieri.

Muitos vão falar de sua importância. Prefiro lembrar dos meninos, meus amigos, que também viraram atores. Flávio participou, inclusive, do memorável filme Eles não usam black-tie, que reuniu no elenco Guarnieri, Fernanda Montenegro, Francisco Milani (que partiu ano passado), Milton Gonçalves, Bete Mendes, Carlos Alberto Ricelli e até Fernando Ramos, o Pixote. Lembro sempre da cena em que Fernanda Montenegro e Guarnieri estão juntos na cozinha, em silêncio, ela escolhendo os feijões para cozinhar, e os olhares e mãos vão se encontrando. Atores de primeira linha, dignos, linha de frente da dramaturgia nacional, que naquele momento estava se reencontrando, assim como o país. O nome completo de Gianfrancesco era imenso, tão grande quanto a sua envergadura profissional.

E, para completar, na mesma semana o palco perdeu Raul Cortez.

"O que realmente não admito é deixar a bola cair", disse Guarnieri.

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Postado por Vitor Nuzzi
24/7/2006 às 10h01

 
E aí, gostaram?

Quero agradecer o lindo trabalho de layout da Daniela Abade e o trabalho tecnológico da Mônica Monteiro, sem o qual a casa não ficaria em pé.

Cheguei do cinema e o blog novo estava no ar. Uma deliciosa surpresa depois de um filme maravilhoso: Eu, você e todos nós. Em que mundo vivemos, eu me pergunto. Vou ficar roendo o filme durante algum tempo. É lindo mas não é de fácil digestão.

O contato está restabelecido. Até já.

Ivana Arruda Leite, que reinaugurou o Doidivana.

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Postado por Julio Daio Borges
24/7/2006 à 00h27

 
FIT 2006 II

Ontem pude, enfim, conferir três das cinco produções internacionais que participaram da edição 2006 do FIT. As outras duas foram Materia Material, do grupo peruano Teatro Lot, que buscou mostrar em sua apresentação novas formas não-convencionais de utilização de objetos e Una Madre Coraje y sus hijos em el purgatório, dos grupos Teatro Del Silencio e Karlik Danza Teatro, produção chilena com co-produção espanhola. Este é o segundo ato de uma produção inspirada livremente na obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri. A primeira foi nomeada Inferno. Criado em 1989, o Teatro Del Silencio é caracterizado por fundir dança, teatro, músicas e técnicas circenses.

A grande decepção foi quanto ao cancelamento de uma produção russa do Festival Internacional de Teatro Tchekhov em associação com o tradicional grupo inglês Cheek by Jowl: Twelfth Night, adaptação de Noite de Reis, de William Shakespeare. Mesmo adiando em um dia sua estréia no festival, a organização do FIT não conseguiu com que os equipamentos do grupo fossem liberados no Aeroporto Viracopos, em Campinas, onde estão retidos há cerca de um mês por causa da greve dos fiscais da receita federal. Junto com outra produção do grupo, Boris Godunov, ela iria abrir a Estação de Teatro Russo - Brasil 2006, que acontece em São Paulo do dia 25 a 08 de outubro, que, provavelmente, também será prejudicada.

Mas as três peças mais concorridas da programação, muito diferentes entre si, não decepcionaram. Cuentos Pequeños, do peruano Teatro Hugo & Inês, é encantadora e não poderia ser diferente. É um espetáculo fácil e sem qualquer recurso de cenário a não ser uma iluminação mínima. O recurso técnico mais eficiente consiste na própria dupla de bons atores, Hugo Suarez e Ines Pasic, que também dirigem o espetáculo. Hugo, mais especificamente, é tão expressivo que concorre, em pé de quase igualdade, a atenção com o boneco criado por si, muito mais chamativo visualmente.

O espetáculo é uma tragicomédia que arranca gordas risadas da platéia a cada minuto. Ele consiste de pequenas histórias protagonizadas por diferentes personagens: bonecos compostos por diferentes partes do corpo da dupla (até mesmo, surpreendentemente, barriga e boca) e alguns pequenos acessórios, como narizes e olhos. O apelo visual é incontestável: a aparência meiga conquista o público no primeiro olhar. Para finalizar, a técnica mímica dos dois atores beira a perfeição. Separados ou juntos, não há erro nos movimentos milimetrados dos personagens, que assumem características humanas, seja no leve andar, na liberdade e diversidade de seus movimentos e gestos caricaturais que conseguem captar tipos de personalidade. Pudera: desde 1986, época de criação do grupo, eles se interessam pela expressão de diferentes partes do corpo humano.

Les feuilles qui resistént au vent vai na contramão, apesar de ter também forte apelo visual. Ela é uma produção do bailarino e coreógrafo Koffi Kôkô, que também atua na peça e é considerado um dos mais inovadores da dança contemporânea africana. O espetáculo de dança é denso e trata basicamente dos ensinamentos da vida através da expressão do corpo. A tradução de seu título, As folhas que resistem ao vento, explica bem o que vemos: o ato de subir na vida, a tristeza da solidão do topo, o trabalho que escraviza, o esquecimento de si mesmo e do outro e a agonia são belamente expressas apenas pelo ato da dança, que tem seu ápice na vertiginosa e surpreendente dança dos bailarinos em cima de finos e altos bambus. Até mesmo a pintura de tinta branca que cobre o corpo dos bailarinos serve de recursos visuais à medida que o suor de sua dança a transforma de novo na cor negra.

O local da apresentação, o Swift Seringueira, coube perfeitamente na peça, eminentemente naturalista. Composto por um quadrado de areia e uma alta arquibancada, além de fartos recursos de iluminação de diversas cores e duas seringueiras enormes, faziam com que os movimentos livres e tribais dos bailarinos tivessem suas sombras projetadas nas duas árvores, o que provocava a sensação de retorno a um mundo esquecido pela civilização ocidental e tão próximo às nossas raízes. Os movimentos frenéticos em um material movediço como a areia trazem efeitos que consolidam o espetáculo. Os três músicos são um espetáculo à parte ao trazerem um som forte, composto basicamente por batucadas e efeitos de som de teclado, que dá ao som afro um tom de experimentação e, ao espetáculo, o efeito de um transe e torpor infinito.

Por fim, a produção francesa Aberration du Documentaliste, do Théâtre de la Massue, é muito prejudicada pela barreira da língua. Mas este problema é em parte contornado pela atuação expressiva de Jack Fornier como o bibliotecário solitário que, por ler toda a criação do mundo, começa a ter visões fragmentadas do que a consistiu. Estas visões são mostradas na forma de miniaturas de bonecos, manipulados por dois homens invisíveis no cenário. Neste, aliás, criado em um antigo galpão, ouvimos efeitos sonoros de pingos de água e é circundado e isolado por grandes painéis negros e altos e ilustração de uma biblioteca.

Para quem quiser conferir, ainda dá tempo. Hoje os três espetáculos têm apresentações, respectivamente, às 19h, 20h e apresentação dupla às 19h e 23h.

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Postado por Marília Almeida
23/7/2006 às 13h51

 
FIT 2006 I

Não pude me livrar da sensação de espectadora retardatária no penúltimo dia da 6º edição do Festival Internacional de Teatro, o FIT, em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Preço pago para que pudesse contemplar a maioria das atrações internacionais em apenas um dia. Mas ainda consegui pegar o clima do 2º e último final de semana atípico em uma cidade de 200 mil habitantes.

O evento é fruto de uma parceria de entidades públicas, o que permitiu o baixo preço dos ingressos para as peças (inteira R$10 e estudante R$5). Realizado pela Prefeitura Municipal da cidade, o Serviço Social do Comércio e a Petrobrás, o festival teve um orçamento de R$1,9 milhão, do qual R$600 mil foram utilizados para o cachê das companhias participantes. Há também o patrocínio da Caixa Econômica Federal e Correios, e parceria com a Funarte, Secretaria de Estado da Cultura e o Governo do Estado de São Paulo, além do benefício da Lei de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura.

O festival está em seu 9º dia e, apesar do nome, exibe apenas cinco produções internacionais e 44 nacionais, entre elas sete infantis e nove de rua. Provenientes de vários estados do país, elas compõem um cenário diversificado, apesar da hegemonia do eixo RJ-SP. Entre os destaques estão Larvárias, de Porto Alegre-RS, Dilacerado, do Rio de Janeiro-RJ, O que seria de nós sem as coisas que não existem, de Campinas-SP, A Parte Doente, de Blumenau-SC, Caetana, de Recife-PE, Dinossauros, de Brasília-DF, Êh Boi, de Belo Horizonte-MG e Fábulas, de Natal-RN. Três produções da cidade também participam do festival: Abajur Lilás, Sr. Malte e Beatolados.

O festival envolve toda a cidade em 18 espaços, entre teatros, palcos especiais, ruas e até um casarão. Nele, três peças chegam a ser exibidas concomitantemente. É natural, pois, que a primeira impressão seja a de um festival popular, ligada ao teatro de rua. Como a maioria das peças são exibidas somente à noite, pela manhã busquei este teatro de fácil acesso aos moradores locais e a todos os interessados. Encontrei duas: Circo Minimal - A soprano Galinha Galinova, do grupo Cia. Gente Falante - Teatro de Bonecos; e o projeto Uroborus.

Em uma feira de bairro encontrei o pequeno circo, mínimo mesmo, do grupo de Porto Alegre que completa doze anos de atividades em teatro de animação. Descobri que seu nome provém da junção de minimalismo e fábulas de animais. É justamente o que encontramos. O quadro Galinha Galinova é apenas um dos dez da série Circo Minimal. No FIT foram apresentados apenas dois deles, um em apresentação dupla.

Pontualmente, uma grande fila foi se formando, entre curiosos e acompanhantes das muitas crianças presentes. A sensação de que era a primeira vez de muitas delas frente à arte teatral não deixou de encantar. Com apenas quatro minutos de duração e capacidade para sete pessoas, a encenação é singela, com trilha sonora e iluminação bem-feitas em um cenário que, por ser itinerante, é, inevitavelmente, precário. Despertou em muitos presentes alegria e surpresa.

Da feira, parti para a rodoviária da cidade. Não quis voltar para a casa. É lá mesmo que é encenado o Projeto Uroborus. Ele consiste em 179 horas ininterruptas de encenação de um texto de 78 dramaturgos, entre eles Maquiavel, Gil Vicente e Sófocles, desde o teatro grego ao contemporâneo, nomeada Rapsodomancia para a eterna ressurreição do teatro. Mas o mais interessante é que os atores em cena são pessoas comuns que aceitam encená-lo por uma hora, sem mais nem menos e com direito a buzina no final. Até o dia 18, 200 pessoas já haviam se inscrito para o projeto pelo site do FIT.

Presenciei a encenação de uma dupla, no mínimo, curiosa. Um músico de 56 anos que entende a música e teatro como artes interligadas, já que ambas exigem poder de expressão, e um jovem de 14 anos apaixonado pela arte cênica, ambos moradores de Rio Preto. A um foi delegado o papel de protagonista e, ao outro, a tarefa de sempre argumentar suas afirmações acerca do mundo. Política, poesia, preconceitos sociais e muita reflexão acerca da própria atividade teatral permearam os diálogos, repletos de improvisações até mesmo sobre a Parada Gay paulistana.

Houve também muito embate de estilo entre as duas personalidades tão distintas dos atores em cena. Muitas vezes ambos corrigiam a si próprios e indicavam sutilmente ao outro para seguirem o script, o que era muitas vezes rechaçado. No balanço final, momentos e insights reveladores e realmente criativos de suas duas visões particulares do mundo. Pequenas risadas e olhares atentos da platéia de cerca de vinte pessoas se transformaram em aplausos, apesar do barulho da rua e rodoviária, que tornava impossível por vezes a audição dos diálogos e até mesmo provocavam irritação.

Por fim, a emoção expressa nos olhos dos dois participantes e a vontade de estar cada vez mais próximos da arte. Por outro, a cena de um mendigo lustrador de sapatos, que parou para contemplar a peça por segundos. Ele acendeu um cigarro com um sorriso que não podia ser codificado, tamanha a distância dele do resto dos espectadores. Mas, logo depois, a vida que se segue na solicitação a possíveis clientes se estes queriam lustrar seus sapatos ou na tomada do próximo trem pelo passageiro rodoviário. Mas são estas misturas de sensações que fazem, afinal, um espetáculo de rua. E são eficientes, sempre.

Aguardem a análise das peças internacionais no próximo post.

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Postado por Marília Almeida
22/7/2006 às 15h29

 
Os festivais de inverno

Há pouco mais de cinco anos, as férias de julho de muita gente, especialmente estudantes universitários, serviam para participar do Festival de Inverno. Naquela época e por algumas décadas, a promotora do festival era a Universidade Federal de Minas Gerais, que, sediada em Belo Horizonte, levantava o astral das redondezas de Ouro Preto, levando cursos, shows, palestras e todo tipo de espetáculo, de rua, de arena ou de teatro fechado.

Faz um tempo que este festival saiu de Ouro Preto e migrou para Diamantina, também cidade histórica, há alguns anos dona do título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. No entanto, o grande público não parece ter ido para lá. O que sugerem as estatísticas dos últimos anos é que as pessoas continuaram indo para Ouro Preto, na ignorância de quem promove o quê.

De fato, que interesse isso tem? Raciocinando pragmaticamente, o fato é que qualquer instituição que promova o festival de inverno em Ouro Preto levará às ruas diversão e arte. Às vezes mais um do que outro, para tristeza de uns e alegria de tantos. Mas não interessa se é UFMG, UNI-BH ou UFOP (atual comandante), o negócio é o circo estar montado direitinho.

Diamantina tem o astral mais aliviado do que o de Ouro Preto. Quem conhece as duas cidades sabe do que estou falando. Ouro Preto tem mais clima. Diamantina tem mais alegria. Quando estive lá, tive a infelicidade de ver a cidade tomada por carros que tocavam axé no meio da praça. Não combinava, entendem?

Por que as pessoas continuam enchendo Ouro Preto? Outro fator importante: a distância. Para um belo-horizontino, é fácil pilotar por 1h30 para chegar a Ouro Preto, voltar no mesmo dia, nem precisa pagar pouso. Diamantina conta aí umas 4h de viagem por uma paisagem belíssima, ouvindo Zé Ramalho então, fica ótimo, mas não anima qualquer um, muito menos a ir e vir rapidinho.

Vou para Diamantina no domingo de manhã, dia 23. Na segunda-feira inicio a oficina Micro Poesia, que darei para fazer convergir minha produção com a de outros oficineiros. No final, teremos livros para circular em aparelhos de telefone celular, coisa que ando estudando. Quem quiser se aventurar, conhecer uma cidade histórica, ainda há vagas. Meu curso está nas oficinas de aprofundamento em artes poéticas. Quem quiser conhecer os Movilivres, é só ir aqui e no sítio da imaginação. Escreverei de Diamantina contando do festival.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
22/7/2006 às 02h12

 
The Eraser, de Thom Yorke

O novo álbum do Radiohead? Nem tanto. Embora seja possível dizer que The Eraser começa onde Kid A e Amnesiac terminam, falta a ele a dinâmica, o claro-escuro característico das melhores músicas do Radiohead. Em The Eraser, tudo é penumbra, quando não uma tormenta cinza-chumbo. E a criação das músicas em cima de piano, sintetizadores, baterias eletrônicas, sem grandes variações de andamento acentua a sensação de claustrofobia. A linguagem das falhas e defeitos, as pequenas sequências eletrônicas que viajam por trás das melodias, os ruídos e os backing vocals arrepiantes são a moldura perfeita para Yorke soltar seus lamentos. E as letras estão entre as melhores que ele já escreveu, bem menos enigmáticas do que as que ele têm cantado com o Radiohead desde OK Computer.

Guilherme Werneck, no Discofonia, que, agora, no Estadão, também é blog.

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Postado por Julio Daio Borges
21/7/2006 às 09h44

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