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Terça-feira,
1/8/2006
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Redação
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Bendita Insensatez
Foi numa tarde de um dia qualquer que um punhado de palavras causou um abalo sísmico entre ela e o mundo. De repente sentiu-se como que arremessada tal qual bola de canhão, desses de ferro que a gente vê perto do farol que vê o mar. Atrás ficou todo o resto das coisas. À frente o horizonte, o céu ou o fundo do oceano: não conseguiu escolher, pediu que o vento a levasse. Enquanto voava quis uma folha em branco. Pra derramar um pouco do tudo que acontecera. Mas com mais palavras? Quando abriu os olhos, o farol tinha aberto e alguém buzinava.
Carol Miotto, em seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
1/8/2006 às 08h57
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Elegbara
Prestem a atenção nas manchetes dos jornais, olhem para a fome na África e as guerras na Terra outrora Santa, a violência urbana na América do Sul e a violência militar no Oriente Médio. Algo escureceu desde o século das luzes, o Iluminismo que deixou ao mundo o legado do racionalismo, do cientificismo. Pois em Elegbara (Record, 2005, 144 págs.), de Alberto Mussa, somos convidados a uma fantástica viagem no tempo, no espaço e na cultura, somos levados ao mundo indígena e ao mundo árabe, retornamos aos cristãos Portugal e Brasil e logo estamos em Palmares ou nos Campos dos Goitacazes em busca de essências anteriores a este mundo racionalista e eurocêntrico.
Publicado originalmente em 1997 e com nova edição em 2005, o livro traz dez narrativas - assim chamadas pelo próprio autor - que não se limitam às já clássicas teorias do conto e se aproximam mais de uma literatura "primitiva", popular, de raiz oral. O narrador é mais um contador de histórias e o leitor se sente sentado com pernas de índio ao redor de uma fogueira.
Assim sendo, não cobrem verdade, não procurem demais verossimilhança, história oculta e história aparente, não tentem encontrar nexos entre as dez narrativas. Não se pode alcançar a verdade de Elegbara com as premissas do século das Luzes. É preciso fazer como os sábios de Timbuctu, elucubrar sobre as faces da verdade com esmero, ou como Féti, alcançar o domínio sobre o fogo e sobre a vida apenas com a observação minuciosa.
Além dos sábios de Timbuctu e do cativo Féti, desfilam pelas narrativas diversos personagens como o Onça, Zumbi dos Palmares, Ganga Zumba, Caminha, Cabral, Dom Sebastião e, claro, Elegbara - uma das denominações do orixá africano Exu -, alguns retomando elementos da vida real, todos questionando a realidade da vida. Ou da morte.
A luta contra a morte ou a transcendência em relação à morte é, de longe, o tema mais recorrente nas histórias e mais estranho a nossas mentes racionalistas. Os heróis parecem lutar menos pelas suas terras e nomes do que por uma espécie de permanência, mesmo que essa permanência se restrinja às rodas de contação de histórias ao redor da fogueira. Confira o final de quatro das dez narrativas:
"Mas, ainda depois de morto, o bugre continuou apavorando. (...) E ainda contam que - quando enfim tiveram coragem de atirá-lo ao Paraíba, o mar tomou de imediato a cor barrenta do rio." (pág. 63)
"Vagando pelas brenhas, certamente ainda há algum Zumbi para morrer" (pág. 71)
"Do fundo do seu túmulo humilde de rei esquecido - como quiseram os padres de Faro - dom Sebastião continua ensinando. Sobretudo não esperar, não crer" (pág. 142)
"E tinha razão: não há rei senão Deus. Elegbara é assim." (pág. 53)
De certo você sairá desta viagem mais confuso do que quando nela embarcou, mas isso se deve ao contato com tantas outras culturas e mitos. Aos leitores não iniciados nestas culturas - como este que vos fala - é aconselhado um pulinho numa enciclopédia para conhecer um pouco da vida de D. Sebastião e sua morte misteriosa em Alcácer Quibir, o porquê da cidade de Timbuctu ser patrimônio cultural da Unesco, a história do homem de Neandertal e a rivalidade entre Zumbi e Ganga Zumba no quilombo dos Palmares. Não são informações fundamentais, mas enriquecem e dão algum sentido a estas histórias. Isso, é claro, supondo que elas precisem de sentido, afinal ainda somos filhos do apagadinho século das Luzes.
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Marcelo Spalding
1/8/2006 à 00h12
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A aridez de Beckett
Em meio às comemorações pelo centenário de nascimento do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), o Teatro Moira leva ao palco do Centro Cultural São Paulo um dos textos mais geniais de todos os tempos: Fim de Partida.
Em cena, quatro personagens e o caminho inexorável para o fim. Por meio de diálogos aparentemente banais, Beckett nos leva a um mergulho pela desolação e pela absoluta falta de perspectivas. Um terreno onde a esperança não acha solo para se firmar.
Clov, Hamm, Nagg e Nell criam para si afazeres banais e se perdem em conversas que não chegam a lugar nenhum, com o puro intuito de passar o tempo, à espera do fim - a única certeza que parece perpassá-los.
Mutilados, cegos, paraplégicos - estes são os materiais de Beckett em um mundo árido, morto, desabitado. Tudo na peça está escasso e se acabando. Uma representação cética e desesperançada da humanidade. Nada mais atual.
Um humor cruel e cáustico transparece nos diálogos. O diretor René Piazentin conseguiu com razoável êxito manter os jogos entre as personagens, tão caros ao dramaturgo. As interpretações soam um tanto quanto excessivas, embora certo equilíbrio seja alcançado. Destaque para o ator Mário Zanca.
Complementam o elenco as atrizes Natália Grisi, Perla Frenda e Vanja Poty. Preste atenção na inteligente economia cenográfica: nada ali sobra, nada está fora de lugar.
Para ir além
Fim de Partida - Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio Salles Gomes - Rua Vergueiro, 1.000 - Paraíso - Tel. (11) 3383-3402 - R$ 12,00 - Até 03/08
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Guilherme Conte
31/7/2006 às 18h39
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Ainda quer prestar jornalismo?
Já estive em redação, em assessoria, em redação de novo, em assessoria... O mercado de jornalismo já teve um momento muito bom, e deve ter sido antes de eu começar a trabalhar como repórter. Mas falando sério, as seqüências de crises depois de 2000-2001 foram terríveis para a nossa área. Inclua na lista as crises cambiais, que elevaram os custos das empresas, uma vez que papel e insumos eletrônicos são cotados em dólar, o esvaziamento da bolha pontocom, que levou por água abaixo uma fonte farta de receita publicitária, a crise da Rússia e depois a da Argentina, que contaminou o risco Brasil e fez todo mundo segurar os investimentos até segunda ordem (e anúncios publicitários portanto), e teremos um quadro de "tempestade perfeita" para o jornalismo. Junte a isso que a maior parte dos grandes grupos de comunicação (Ed. Abril, Globo, etc.) investiram os tubos (sempre seguindo os "çábios" conselhos das Big Five) em licenças de telefonia e TV a cabo, num ralo que representa uma dívida na casa dos bilhões de dólares e teremos uma situação de: emprego formal de jornalistas residual, com salários arrochados, exceto para quem é do andar de cima ou as estrelas de TV e rádio, muita colaboração de freelancers carregando veículos tradicionalíssimos nas costas (frila trabalha em casa, absorve custos de transporte e telefone na apuração, não usa água, elevador, banheiro, pulso telefônico nem conexão à internet do "empregador") e muitos profissionais bons, mas que não conseguiram se recolocar lotando as assessorias de imprensa. Bem que a minha mãe falou para eu prestar aquele concurso no Banco do Brasil.... Mãe tem sempre razão.
Alexandre Barbosa, editor-assistente no portal do Estadão, em entrevista a Edu Vasques.
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Julio Daio Borges
31/7/2006 às 18h21
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Centenário de Mario Quintana
"Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas. Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade."
As palavras acima foram escritas por Mario Quintana, um dos maiores escritores nossa literatura. E ontem, dia 30 de julho de 2006, foi comemorado o centenário de seu nascimento.
Desde o início deste ano o governo do Rio Grande do Sul vem realizando uma série de eventos culturais para comemorar o centenário de Mario Quintana. E um site foi criado sobre o poeta. Nele, os visitantes podem ler poemas, saber mais sobre sua vida, ler entrevistas, e muitas outras coisas.
Prato cheio para quem não conhece o autor e para quem já conhece também, é claro.
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Rafael Rodrigues
31/7/2006 às 17h50
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9º Búzios Jazz & Blues – II
A última noite do 9º Búzios Jazz & Blues foi uma das mais aguardadas pelo público. A expectativa ficou por conta do menu de atrações com altíssimo nível, e também pelo próprio sábado (29), dia que recebe mais turistas na região. Embora o balneário estivesse lotado, um imprevisto espantou a multidão por volta das 20h. A chuva chegou com força em Búzios depois de dias de sol escaldante em pleno julho, e expulsou os que já esperavam pelo show do Funk Como Le Gusta na Praça Santos Dumont. A água não deu trégua nem meia hora, nem sessenta minutos depois. Mesmo com chuva e ruas vazias, a big band paulistana subiu no Palco Tim de Música por volta das 21h40, e não deu outra. O repertório adocicado do soul-samba-funk atraiu guarda-chuvas que em pouco tempo tomaram a praça.
Embalados por sax, flauta, trompete, trombone, bateria, teclado, percussão e baixo, os 14 integrantes da banda privilegiaram a harmonia coletiva em detrimento dos solos. Enquanto o público desviava das poças para dançar, o Funk Como Le Gusta provava que é mesmo um forte representante da sofisticação instrumental brasileira. Arrisco dizer que o grupo se equipara, em qualidade e estrutura, com a banda Mantiqueira - guardadas as grandes diferenças entre ambas, já que esta possui uma levada menos híbrida, fiel ao jazz. Na apresentação, o grupo tocou o repertório dos CDs Roda de Funk e FCLG, que traz grooves consagrados, trilhas de cinema e clássicos latinos dos anos 70. Nas faixas, "SOS", "Latina", "Tabasco", "Tá Chegando a Hora", "Funk de Bamba", "Somos do Funk", "Zambação" e "Vertiplano".
Um quarteirão adiante, no mesmo horário, a Dixie Square Band já tocava standards do jazz nas calçadas molhadas da Rua das Pedras. Um verdadeiro ritual de "Dançando na Chuva", mas ao som dos clássicos "Ain't She Sweet", "Basin Street Blues", "Sweet Georgia Brown" e "Limehouse Blues". Logo em seguida, o Pátio Havana recebeu o Memphis la Blusera, que repetiu o desafio de levantar o público, como na noite anterior. Só que, dessa vez, num ambiente mais recluso. Ainda que com menos espaço para se expandir aos moldes do último show, o grupo argentino não perdeu o vigor. O vocalista Adrian Otero e o saxofonista Emilio Villanueva se destacaram com a mesma presença, dividindo a atenção coletiva da casa de shows. Influenciado por Robert Johnson, Muddy Waters, John Lee Hooker e B.B. King - com quem dividiu o palco posteriormente - o Memphis foi aclamado, em duas noites, por exigentes públicos: o diversificado, na praça de Búzios, e o seleto, na casa cubana.
Mas ainda estava por vir uma das atrações mais quentes do festival. Por volta de meia-noite, o mestre da guitarra, Eric Gales, lançou no ar os primeiros acordes, dedilhados no palco do Chez Michou. A partir daí, a chuva perdeu toda a importância. A habilidade que ele aprendeu aos quatro anos de idade em Memphis, Tennessee, já foi equiparada à do imortal Jimi Hendrix. Em entrevista antes do espetáculo, no entanto, ele não pareceu satisfeito com a comparação. "Eu sou eu, entende? Eu faço meu som, é todo meu". De fato, Gales domina a guitarra com tanta peculiaridade, que soa simplista demais colocá-lo no patamar de grandes mestres. Sua unicidade sobressai, também, no timbre de voz grave, de um blues autêntico vivamente nascido no gospel. Acompanhado de instrumentos com igual apuro, o guitarrista mandou uma mistura de rock contemporâneo, funk e blues com uma naturalidade impressionante. Na ficha técnica do artista, alguns que se revelaram seus admiradores: Carlos Santana, Mick Jagger, Keith Richards, B.B. King e Eric Clapton. Nesse clima, Gales encerrou o festival - para usar um clichê necessário - com chave de ouro.
E foi assim que Búzios virou a terra do blues e do jazz, pelo menos por quatro dias. Apesar de sua importância, o festival não pretende ser o maior do país, e talvez esteja longe disso. Mas em termos de qualidade e diversidade, ele se supera e sai na frente de muito evento do gênero. Primeiramente, porque não é elitista ou discriminatório. Estavam lá a criança e o velho, o rico e o pobre, que queriam - e podiam - ver os artistas. Para o Brasil, esse é um avanço cultural sem precedentes. Nem a chuva derrubou a noite, e nem o som ofuscou o brilho das praias. Litoral e jazz é uma combinação perfeita, contagiante, uma descoberta ímpar. Um roteiro altamente peculiar, que pode ser visto, pelo menos, uma vez por ano.
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Tais Laporta
31/7/2006 às 16h15
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9º Búzios Jazz & Blues – I
Vida noturna intensa, bares, galerias de arte e praias de uma beleza estonteante. Onde mais a mistura dos ingredientes cultura e badalação pode dar tão certo? Na penúltima das quatro noites que contemplam o 9º Búzios Jazz & Blues, pude notar que a região central de Búzios abrigava um clima musical inconfundível, já estimulado pelos dias anteriores. Nos primeiros momentos do festival (26 e 27 de julho), prevaleceram logo de cara o virtuosismo e a mistura de gêneros. Passaram por aqui o habilidoso saxofonista Blas Rivera; o grupo carioca de poliritmos e gerações, Garrafieira; o aclamado compositor e instrumentista Marcos Valle; o tradicional, porém inovador Trio Azymuth; e, ainda, o cantor e guitarrista Big Joe Manfra, um dos mais respeitados representantes do blues no Brasil.
Cumprindo o que prometeu, a noite de ontem (28) atraiu um público eclético, formado por turistas - casais, famílias, crianças, estrangeiros, teens e idosos - e nativos (a grande minoria). A praça Santos Dumont - que abriga o Palco Tim de Música - até então tomada apenas por feiras de artesanato, ficou apinhada, lá pelas 20h30, logo que o grupo argentino Memphis la Blusera colocou seus instrumentos para funcionar. Grande sucesso internacional, a banda de veteranos surgida nos anos 60 conseguiu, sem grande esforço, mas com suor, fazer o que muitos tentam sem sucesso: o público dançou, literalmente, nos estreitos espaços da multidão. Sim, a praça ficou pequena ao som de jazz "dançante", e o Memphis cresceu com o fôlego do vocalista Adrian Otero, que alternou agitação e romantismo. Isso sem falar nos solos, absolutamente oportunos, no comando de Daniel Beiserman (baixo acústico), Emilio Villanueva (sax), German Weidemer (órgão) e Lucas Sedler (guitarra). Cada um a seu tempo, sem exageros e com muita propriedade.
Pouco depois, mesmo antes da banda encerrar, um som distante entrecortava o espetáculo. Vinha da Rua das Pedras - a mais badalada de Búzios. Era o Dixie Square Band, e que surpresa: passando por vários pontos da via, a banda de jazz fazia o público interagir musicalmente, formando quase uma "orquestra paralela" de percussão em palmas junto dos melódicos instrumentos de sopro. Durante todas as noites do festival, o grupo passeia a céu aberto tocando clássicos estrangeiros e nacionais, entre eles "Aquarela do Brasil", a imortal composição de Ary Barroso. Abro um parêntese para uma observação que não pode passar incólume. É a primeira vez que presencio uma interação tão grande entre público e jazz em espetáculos abertos. A contemplação fria e o distanciamento a ritmos "não convencionais" quase sempre prevaleceram por parte de um público, diga-se, diversificado. Para um gênero tão complexo e seletivo, Búzios é um verdadeiro milagre musical no que se refere à quebra de códigos entre o popular e erudito.
Claro que há exceções, como as apresentações fechadas do Pátio Havana, que aconteceram ontem por volta das 23h. As reservas para assistir ao consagrado pianista Bobby Lyle se esgotaram em pouco tempo. Um público distinto e comportado ficou notoriamente hipnotizado pela sofisticação do blues ao piano, acompanhado no baixo por Alberto Continentino, na bateria por Allen Pontes e no sax por Leo Gandelman, destacado com louvor na edição anterior do festival. Arriscando um português correto, Lyle expressou a satisfação de tocar em uma noite e um local "tão especiais". E pode colocar especial nisso. O Pátio Havana dá de cara para um mar gigante, iluminado pela costa e pela lua, e confere um clima que - aliado à alta performance do som - é um verdadeiro privilégio dentro do balneário. Incansável, o show alcançou a madrugada sem desviar o interesse do público.
Para encerrar a noite - e que noite - o Chez Michou, logo em frente ao Havana, recebeu, por volta das 2h, a mistura das mais variadas sonoridades brasileiras com o trio Bossacucanova. O grupo, formado por Alex Moreira, Marcelinho DaLua e Márcio Menescal (filho do Roberto Menescal), nasceu de experimentações em estúdio que propunham misturar batidas eletrônicas a ritmos convencionais como o samba e a bossa nova. Resultado: um estouro há oito anos na Europa, EUA e Brasil. O ponto alto do grupo são as releituras do acid jazz, que fundem a sofisticada harmonia melódica com os beats do rap e do funk. O som no Chez Michou agradou principalmente a um público mais jovem, que bem antes já lotava o espaço à espera do grupo. Mais uma prova de que jazz e agitação combinam mesmo, principalmente em Búzios.
Amanhã tem mais. A última noite do festival promete com mais presenças ilustres. E nós vamos acompanhar.
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Tais Laporta
29/7/2006 às 13h21
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Sobre a vida no campo
"Quem mora no campo emburrece com o passar do tempo e não percebe; durante um certo período, acredita que está sendo original e que está cuidando da própria saúde, mas a vida no campo não é nada original: para quem não nasceu no campo e para o campo, é puro mau gosto e só prejudica a saúde. As pessoas que vão para o campo se enterram ali, levando uma vida no mínimo grotesca, que as conduz primeiro ao emburrecimento e depois à morte ridícula. Recomendar a um sujeito da cidade que para sobreviver ele se mude para o campo é uma indignidade médica (...) Todos esses exemplos de pessoas que mudaram da cidade para o campo são exemplos medonhos (...)"
Thomas Bernhard, em O náufrago.
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Julio Daio Borges
28/7/2006 às 13h35
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Tin-tin!
É em clima de festa que inauguro esse blog (afinal, acabo de festejar mais um aniversário) e não poderia estar em lugar melhor: de férias na Bahia. Considerando-se que vou tratar de comida e bebida, e que sou um fã incondicional da culinária baiana, já adianto que esses dias (chuvosos) em Salvador devem render alguns bons e apimentados posts.
No mais, relaxem e aproveitem. Prometo não enveredar pela crítica gastronômica especializada, mas sim apresentar dicas de lugares, comidas, bebidas, eventos e até mesmo receitas, já testadas (e aprovadas) ao longo de inúmeras madrugadas "pós-balada", naquelas altas e bem conhecidas horas quando bate aquela fominha e não resta outra alternativa a não ser encarar um fogão às 4 horas da manhã. Tampouco pretendo me limitar à alta gastronomia, já que os grandes achados encontram-se muitas vezes em locais simples e despretensiosos.
E é nessa mesma linha, franca e direta, que pretendo levar este blog. No balanço das ondas e com pitadas (apimentadas) de humor, claro. É isso. Mãos à massa que já falei demais e a água já ferve no fogão...
Marcelo Katsuki, no em seu blog, na Folha (uma dica do chef Carlos Ribeiro, por e-mail)
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Julio Daio Borges
27/7/2006 às 09h02
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Festival de interatividades
O Festival de Inverno da UFMG este ano, em sua 38ª edição (são 40 anos!), teve como tema "interatividades". De fato, nunca vi tanta fusão, tanta confusão e tanta cooperação. Sem o menor tipo de estresse, alunos e professores de oficinas diferentes se esbarram pelas ruas de pedra pura e formulam mil maneiras de interagir. E isso realmente acontece!
O Festival 2006 está vazio. Vazio de gente, vazio de gandaia, vazio de arruaça. Em Ouro Preto, a organização começou a ter problemas com baderna, briga, assassinato. Entre outros motivos, estes foram os que trouxeram o Festival para Diamantina, 5 horas de ônibus distante da capital mineira. Essa distância desencoraja uma viagem com intenção de balbúrdia. Daí que estão aqui as pessoas da região (a porta do Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas), belo-horizontinos que procuram oficinas com feras da música, das artes plásticas e da literatura e gente do país todo atrás do patrimônio da humanidade.
Algumas oficinas funcionam com 10 alunos, outras, com 1. E isso não impede o Festival de continuar. Só mesmo a universidade pública para trabalhar com esse contingente. Dali saem vídeos, poemas, músicas, peças.
A primeira semana da festa terminou no sábado, dia 22 de julho. Para finalizar, mil produtos de oficinas ficaram à mostra. Nesta segunda semana, vêm acontecendo, entre outras, as oficinas de Marcelo Dolabela (poesia), Álvaro Garcia (artes digitais), Esdras Neném (músico), Rodrigo Minelli (vídeo) e todas confluem, de alguma maneira mirabolante.
O site www.ciclope.art.br é, atualmente, um "sítio de imaginação" onde acontecerão, em palavra e movimento, os produtos de todas as oficinas que terminam nesta sexta, dia 28. Estaremos lá também os escritores de micro poemas para Internet e para celular. Tem valido a pena, especialmente para quem veio trocar idéias, fazer conexões. Nem o frio parou aqui. O negócio é interagir.
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Postado por
Ana Elisa Ribeiro
26/7/2006 às 19h39
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