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Quarta-feira,
9/8/2006
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Redação
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Salão do Livro de BH
Começa dia 10 o Salão do Livro de Belo Horizonte, que acontece na Serraria Souza Pinto e traz, além dos estandes de livrarias, oficinas, mesas-redondas e noites de autógrafos. O tema deste ano é a literatura no Mercosul. A série de entrevistas "Encontro Marcado" também está de volta e trará Luís Fernando Veríssimo, Bartolomeu Campos de Queirós, João Gilberto Noll, entre outros. Vale a pena conferir a oficina da Memória Gráfica e entrar nas mesas para discutir. Não é tão badalado quanto outras festinhas literárias, mas é bacana.
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Ana Elisa Ribeiro
9/8/2006 às 23h57
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4 anos da Revista Coyote
Por que a comemoração após quatro anos de vida? Há sempre que se comemorar a teimosia e a insistência de uma revista literária, num país em que a maioria das publicações não passa do segundo ou do terceiro número. Acho que contribuímos com a formação de jovens autores publicando textos radicais, com uma abordagem radical, do Brasil e de outros países. E abrindo espaço para autores que ainda não alcançaram repercussão com seu trabalho. Mas não estamos muito preocupados com a "formação" de jovens autores. Estamos preocupados em fazer uma revista que gostaríamos de ler. Acho que é essa a razão do sucesso da Coyote. Porque há mais pessoas que gostam de ler os autores que publicamos. Costumo dizer que a Coyote é uma revista autoral. Os editores funcionam como maestros, regendo uma orquestra de autores e textos que consideramos importantes dar voz e vez.
Ademir Assunção, escritor e editor da revista de poesias Coyote, após uma noitada no ABC regada a álcool, música e muita, mas muita, poesia.
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Marília Almeida
9/8/2006 à 01h01
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Mais um na multidão
Olá! Eu não sei como começar. Nunca escrevi um blog. Jamais mexi em um template. Nem sabia o que era PHP. Mas após trocar idéias com algumas pessoas fiquei com essa vontade de escrever sobre tecnologia. Wordpress, hospedagem, registro de domínio... Fui descobrindo aos poucos. Agora até tenho uma noção de PHP!
Escrevi o primeiro post. Submeti à avaliação de uma amiga jornalista. "Muito grande! Dê um toque mais pessoal!", sugeriu. "Isso parece texto de jornal!", finalizou! Hehe! Valiosas dicas! Era isso que eu precisava! Mas mesmo assim eu não sei por onde começar. Por isso resolvi escrever esse texto. O pontapé inicial, o quebra-gelo, a grande estréia... O resto é conseqüência!
Alexandre Fugita, que pretende escrever sobre tecnologia. [E que linca pra nós!]
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Julio Daio Borges
9/8/2006 à 00h36
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Prêt-à-Porter 8
Depois de temporada no SESC Ipiranga, o recente Prêt-à-Porter 8, coordenado pelo diretor Antunes Filho, agora sobe ao palco da sala do CPT, no SESC Consolação. Praxe do projeto, nascido em 1997, o espetáculo é formado por três cenas nascidas em exercícios de interpretação que passam por progressivas elaborações.
Esta oitava incursão do projeto tem uma tônica algo diferente das anteriores. "Ponto sem retorno", com os experientes em PPT Emerson Danesi e Marcelo Szpektor, é tocante e profundo. Mostra um reecontro de dois ex-colegas de turma, relembrando passagens e discutindo seus antigos anseios e a realidade da vida. Os silêncios pesam tanto quanto as palavras, em meio a sugestões e gestos sutis.
"Exiladas", com Marília Simões e Aline Filócomo, traz à cena duas solitárias amigas em uma noite de natal. Seus diálogos aparentemente inusitados provocam risos, mas com um quê de constrangimento. Somos levados aos poucos à essência daquelas personagens, que se mostram complexas e cheias de sentimentos.
Por fim, e talvez na cena que mais destoe da trajetória do CPT, "Velejando na beirada" é uma hilariante conversa entre dois amigos, em um cemitério. O tema: a morte. Marcelo Szpektor e Pedro Abhull arrancam gargalhadas da platéia, com notável domínio de palco e um ótimo texto.
Um espetáculo intimista, aparentemente despretensioso, que lembra uma aquarela ou um quarteto de cordas. Interessante para ver um belo trabalho de ator, baseado em uma longa esteira de pesquisa em interpretação e dramaturgia.
Para ir além
Prêt-à-Porter 8 - Espaço CPT - SESC Anchieta, 7º andar - R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque - Tel. (11) 3234-3000 - Reservas no tel. (11) 9413-0967, com Geraldinho - R$ 10,00 - Até 16/12
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Guilherme Conte
8/8/2006 às 15h16
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Um Paraíso para Moacir Santos
Da Folha:
"O brasileiro Moacir Santos, que fez carreira dentro e fora do país como saxofonista, compositor, arranjador e maestro, morreu no domingo (6) aos 80 anos na Califórnia (EUA), onde morava há cerca de 40 anos. Ele estava internado desde a última sexta-feira em conseqüência de um derrame."
Felizmente Moacir Santos teve tempo para se ver reconhecido em seu próprio país - ainda que tardiamente - com o lançamento dos ótimos Coisas (de 1965, relançado em 2004), Ouro Negro (CD, de 2001 e DVD, de 2005) e Choros & Alegrias (2005). Foi aclamado por público e crítica, deu entrevistas, apareceu na mídia. Há expectativa de que sejam relançados aqui no Brasil seus discos Maestro (1972) e Saudade (1974) (lançados originalmente pelo antológico selo Blue Note).
Moacir foi exímio compositor, arranjador e maestro - suas orquestrações são de tirar o fôlego; costurava como ninguém brasilidades, influências jazzísticas e clássicas. É uma figura obrigatória na música brasileira - sua audição é imprescindível. Para pinçar algumas poucas canções de tantas boas fiquemos com "Paraíso" (do disco Choros & Alegrias), "Maracatu, Nação do Amor" e "Bluishmen" de Ouro Negro e "Coisa no. 4" e "Coisa no. 5" do disco Coisas. (Na Rádio UOL tem pra ouvir.) Mas o repertório é brilhante - vale ouvir tudo.
E, aqui, um vídeo de Ed Motta cantando a linda "Orfeu" no DVD Ouro Negro.
Se houver uma "outra vida" que o maestro esteja agora num "Paraíso" tão sublime quanto a canção que escreveu.
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Rafael Fernandes
8/8/2006 às 13h32
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YouTube e aberturas de novelas
Mais uma do Inagaki. Lembro de Final Feliz, de Champagne e muito de Transas e Caretas. Na categoria pitorescas, eu colocaria Sem Lenço, Sem Documento, Feijão Maravilha (da qual eu também me lembro no Vale a pena ver de novo) e Brilhante (apesar da música do Tom Jobim...). E as que me surpreenderam (para bem): Dancin' Days, Pecado Capital (com música do grande Paulinho da Viola) e Kananga do Japão (por incrível que pareça...). Tieta só se for pela nudez da Isadora Ribeiro (a trilha sonora, aliás, dá uma idéia de como viemos decaindo...). A nostalgia da TV é o início do fim da TV. E viva o YouTube!
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Julio Daio Borges
8/8/2006 às 09h14
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Gênios da vida real II
Fiquei emocionada com a mensagem da sua leitora. Parecia minha história. Também fui superdotada em criança, também fiz teste de QI por sugestão de psicólogos (escrevia ao contrário, montava quebra-cabeças de cabeça para baixo, porque do jeito comum achava muito fácil) e estourei todos os limites do teste para crianças, fui ao máximo, que era 18 anos, algo assim, pelo que conta minha mãe, eu não lembro. Sofri muito a vida inteira me sentindo uma E.T.: entendia tudo mais rápido do que os outros e achava a escola um saco. A faculdade idem. Entrei e sai de várias e me formei em jornalismo mas nunca exerci. Tinha fama de gênio excêntrico e muita gente me temia um pouco apesar de nunca ter sido agressiva, só diferente. Cobrei demais de mim e acabei não realizando o que pretendia. Nunca tentei suicidio, mas vivi em psiquiatras por causa de angústias, fobias, delírios pessoais. Casei, descasei, tive muitos amores mas não consigo me relacionar bem com ninguém, sou diferente demais para isto. Desisti. Fui artista plástica anos e cheguei a ter algum sucesso, matéria em jornais, participei de salões famosos e de uma bienal. Larguei tudo para ser escritora, sou conhecida em um nicho na Web, tenho um blog literário e me sinto feliz escrevendo - me acalma. Pretendo publicar um livro, já tenho vários prontos. Meu problema é paciência para realizar. Sou "mental" demais para o real. Paz é coisa rara para mim. Adoro resolver problemas de lógica dedutiva e romances policias de dedução. Isto também me acalma. Tenho uma filha que amo e que consegue se relacionar com esta figura complicada. Enfim, eu concordo plenamente com a leitora. A inteligência me fez sentir orgulho algumas vezes, o que não significou felicidade alguma e me fez sempre diferente, alguém que muitas vezes escreve coisas simples que os outros não entendem. Desisti de tentar ser entendida. Os que me amam, eu amo. Os outros são de outro planeta. Algum dia construo um foguete e chego lá. Ou, não. Não quero ser identificada, enviei a mensagem apenas porque parecia a minha vida.
De outra Leitora, que também prefere ficar anônima.
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Julio Daio Borges
7/8/2006 às 09h52
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A foto original de Che Guevara
Qual é a história por trás de uma foto? Ainda mais uma que virou ícone de uma geração, estampada exaustivamente em camisetas? Um foco rápido e acidental com uma câmera de 35mm, durante um ato de comemoração a vítimas de uma explosão, que conseguiu capturar o olhar distante de Che Guevara, considerado o herói da Revolução Cubana. Esta aura, aliás, foi perfeitamente captada pela foto O Guerrilheiro Heróico, que o fotógrafo publicitário e retratista de Havana Alberto Díaz, o Korda, tirou em 1960. Bom, nem tanto, já que descobrimos que a famosa foto foi cortada e endireitada em um ângulo mais certeiro.
É sua original que pode ser visualizada na exposição fotográfica A épica revolucionária cubana, na Galeria Senac Lapa Scipião, em São Paulo, até o dia 18. É a primeira realizada pelo Instituto de Mídia e Artes (IMEA), pólo de pesquisa em mídia criado em 2005, em parceria com a Fototeca de Cuba. Sua curadoria, aliás, é de Nelson Ramirez de Arellano, fotógrafo e curador-chefe da Fototeca.
Ela é apenas o começo de um intercâmbio artístico e cultural entre Cuba e Brasil. O grupo pretende levar a exposição para galerias no Rio Grande do Sul e trazer, em 2007, uma mostra sobre fotógrafos cubanos contemporâneos, além de selecionar trabalhos de fotógrafos brasileiros para uma exposição coletiva em Havana.
A mostra é uma seleção de fotos dos primeiros anos da Revolução Cubana. Em 69 obras em preto-e-branco, que abarcam o período de 1959 a 69, é possível ter uma noção do trabalho de oito fotógrafos expoentes do período: Corrales, Korda, Oswaldo Salas, Libório Noval, Perfecto Romero, Ernesto Fernández e Roberto Salas.
As fotos de Raúl Corral, o Corrales, recentemente falecido e que trabalhou para a agência de propaganda do Partido Socialista Popular de Cuba, conseguem captar as fortes expressões dos milicianos, como em La boda del miliciano, onde podemos ver, literalmente, um casamento no fogo cruzado e sentir um pouco do sentimento militante da época. Mas é Caballeria (60) sua foto de maior destaque. Apesar de parecer as antigas cavalarias napoleônicas, o contraste dos sombreiros e óculos escuros dos sorridentes cavaleiros montados em imponentes cavalos brancos não nos deixa enganar sobre qual é o tema tratado. A contradição da revolução é bela e veemente.
Libório Noval nos mostra a cara do sofrido povo cubano. Mas Perfecto Romero, assim como Alberto Díaz, o Korda, nos mostram o outro lado. É em certo sentido até uma contradição com estes rostos vermos Fidel e Che jogando golfe ou pescando. Mas aí está uma coisa curiosa: quando retratados próximos ao seu habitat ou como proletários, a aura de salvadores de uma nação, seja no olhar, no sorriso, teimam em não escapar dos retratos. Principalmente Che, que, em todas as fotos, aparece com o mesmo olhar distante da foto que o tornou um símbolo.
É a foto de Roberto Salas, La Señora e a Bandera, que é talvez a que mais marca a ousadia da luta cubana ao mostrar uma bandeira do Movimento Revolucionário de 26 de julho hasteada no alto da Estátua da Liberdade. Já Oswaldo Salas completa esta visão dando um panorama impressionante: o coletivo. Fotos como Playa de Girón (61) e Santiago de Cuba (64) exploram a eficiência dos discursos e figura de Fidel ao nos depararmos com uma praça repleta de pessoas vista de um ângulo igualmente impressionante e, na outra, Fidel ao microfone, com uma forte expressão e céu sombrio ao fundo.
Por fim, cada um dos fotógrafos destaca uma visão do que foi a revolução e conseguem se diferenciar e imprimir sua personalidade dentro da mesma temática. O que temos ao final é uma bela amostra de muitas facetas do sonho cubano perdido. O preto e branco confere um quê saudosista especial a elas. No final, nem é tanto a técnica fotográfica que vale, já que as câmeras fotográficas da época eram muito limitadas. Mas um sentimento coletivo que não se esvai em nenhuma delas.
Para ir além
Galeria Senac Lapa Scipião
Rua Scipião, nº 67
Tel.: 11 3866-2500
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Marília Almeida
7/8/2006 às 08h25
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Gênios da vida real
Oi, Julio.
Escrevo para vc diretamente pq preferi não publicar meu comentário.
Li seu artigo sobre Glenn.
Sabe, eu fui menina-prodígio, e do tipo raro, porque dominava mais de uma linguagem criativa: cantava afinadíssima desde os três anos, decorando letras em duas línguas além do português: o italiano e o francês. Desenhava desde os dois anos figuras humanas com olhos e bocas. Aprendi a ler e a escrever sozinha dos três aos quatro anos e escrevia poemas aos seis.
Minha mãe e meu pai não sabiam o que fazer comigo, mas guardaram os registros: tenho fita gravada da minha voz, primeiros desenhos, poemas. Fiz um teste de QI aos cinco anos mas nunca me disseram o resultado exato, mas sei que foi bem acima da curva de Gauss. A pedagoga, segundo minha mãe, sugeriu que eu levasse uma vida tão normal quanto possível, estudando num colégio normal, etc, etc.
Contudo, quando a gente é mesmo muito diferente, não adianta: a gente sofre muito. Não tô fazendo apologia do sofrimento de artista não, é sério. Fiz tentativa de suicídio duas vezes. Fiz psicoterapia (o que me salvou e ainda me salva quando estou no limite) muito tempo. Tiro um transtorno bipolar grau 4 de letra.
Tô te confidenciando isso pq o artigo me tocou muito. Ninguém consegue ficar perto de gente anormal (acima da média do anormal, quero dizer, pq de perto...) muito tempo. É horrível. Na escola, na faculdade, vc tem sempre a sensação de estar absolutamente só, ser sempre o discordante, de não ter um grupo com o qual se identifique, e quando se tem um temperamento agressivo e se fala muito, como é o meu caso, consegue discutir e se dar muito mal na maioria das vezes, por mais bem intencionado que vc seja.
A maldiçao do prodígio, resumindo, é essa: ser um Edward Scissorhands.
Este é o principal motivo pelo qual eu sou abençoadamente casada até hoje com o mesmo cara - que eu conheci há 26 anos. Ele foi o único até hoje que topou encarar diariamente uma aberração. Só a morte nos separa, se depender de mim, claro.
Mais do que o parceiro do gênio, sofre o gênio, posso garantir. Que de gênio tem mais mesmo é o que idealizam dele, pq no fundo a maioria parece ser muito burra ou imatura (todo mundo se preocupa mais em desenvolver os potenciais do gênio do que o seu amor-próprio, ou auto-estima, e o resultado é que o gênio pode ficar infantilóide ou irresponsável) para lidar com suas emoções, e com a vida, de um modo geral. Gênios, meu caro, nunca estão em paz consigo, a morte está sempre presente, super concreta, eles brincam com ela desde a hora em que acordam pela manhã até a hora de dormir. Bom, comigo foi assim muito tempo. Não, às vezes ainda é assim. Também não sei se continuo sendo gênio, porque nunca mais fiz teste algum (e, em alguns casos, a prodigalidade é um surto que desaparece quando não estimulado.) Continuo cantando bem (mas não decoro mais letras como antes), e nas outras áreas, vc sabe alguma coisa. Não sei se o meu trabalho é genial, também não sei se quero saber. Houve algumas ocasiões em que me apareceram boas oportunidades para sair daqui dessa m... que é o Brasil e melhorar as condições para desenvolver potencial. Eu não quis, tive medo (era emocionalmente imatura?). E foi por isso que não segui adiante nas artes, nem na música. Optei por investir no meu emocional, o que significou para mim casamento, escrever livros, gravidez e, por conseqüência, uma filha. Até já plantei uma árvore, certa vez, mas ela morreu. Violetas deram mais certo, e agora tenho um bonsai - será que mini-árvore serve?
Bom, se eu sou mesmo um gênio, não sou máquina de produção. Uma coisa é certa, um gênio precisa, segundo Howard Gardner, de afeto e segurança emocional - muita paciência e - por quê não? - compaixão, por parte daqueles que se aproximam.
Na minha concepção de inteligência, também, não adianta nada brilhar sozinha, fazendo feliz o próprio ego. Por isso me dedico especialmente a gurizada e trabalho nas periferias. Depois que eu coloquei meus talentos não só a meu serviço, mas em benefício de outros, eu parei com a mórbida obsessão de lidar com os limites da morte.
Vê, tudo isso seu artigo suscitou. É um assunto que me incomoda ainda.
Mas vou dar uma resposta a pergunta que vc propõe: sobrevive ao gênio não o "outro gênio", mas a pessoa que, independente da inteligência, tiver capacidade de afeto genial.
Apesar de tudo, também não quero passar a impressão de que me odeio, ou de alguém que sofre dores metafísicas ou existenciais 24 horas. Gosto muito de me sentir lúcida. Ou de ter visões, dependendo do ponto de vista.
Beijo e obrigada por ler este desabafo (que muito poucos ouviram) até o fim.
De uma Leitora, que preferiu ficar anônima, por e-mail.
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Julio Daio Borges
4/8/2006 às 09h53
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De una catástrofe a otra
[¿Cree usted en la posibilidad de otra forma de existencia tras la muerte?] (...)Es una gran ventaja haber vivido esto una vez en la vida. Las cosas después ya no te afectan. Dejas de interesarse por el éxito o por el fracaso, por el teatro o por los directores, por los redactores o por los críticos. En realidad a uno ya no le importa nada. Lo único, es tener todavía dinero en el banco para poder seguir viviendo. Por lo demás mi ambición ya no era lo que había sido, pero con su muerte también se acabó. Nada te conmueve. Sigues disfrutando con los filósofos antiguos, con algunos aforismos. Es parecido a refugiarse en la música: durante unas pocas horas se puede llegar a tener un excelente humor. Todavía tengo algunos planes: antes tenía cuatro o cinco, ahora sólo me quedan dos o tres. Pero no son imprescindibles. Ni yo, ni el mundo los estamos reclamando. Si tengo ganas todavía haré algo, si no las tengo, o me faltan las fuerzas, pues se acabó. Qué más da lo que yo escriba; en resumidas cuentas siempre son catástrofes.
Esto es lo deprimente del destino del escritor: nunca consigues trasladar al folio lo que has pensado o imaginado; la mayoría se pierde durante el traslado. Lo que llegas a plasmar no es más que un pálido y ridículo reflejo de lo que habías imaginado. Esto es lo que más deprime a un autor como yo. En el fondo no puedes comunicarte. Todavía no lo ha conseguido nadie. En alemán mucho menos; es una lengua envarada y torpe, en el fondo horrible. Es una lengua espantosa que mata todo lo que es ligero y maravilloso. Lo único que se puede hacer, es sublimarla con el ritmo, confiriéndole musicalidad. Lo que escribo nunca corresponde a lo que he imaginado.
Los libros deprimen menos, porque uno se imagina que el lector pone más fantasía y a lo mejor consigue que el texto cobre vida. En cambio en el escenario, en el teatro, lo único que se levanta es el telón. Sólo quedan los actores que, durante meses y meses, han sufrido hasta la noche del estreno. Ellos deberían representar a los personajes que uno ha imaginado. Pero no lo consiguen. Estos personajes que en mi mente todo lo podían, de repente se componen de carne, huesos y agua. Son torpes. Yo había concebido la obra como algo grandioso, poético; pero los actores no son más que unos intérpretes profesionales, unos traductores. Una traducción poco tiene que ver con el original. Por la misma regla de tres, la representación de una obra en el escenario, poco tiene que ver con lo que pasó por la cabeza del autor. Las tablas, que, dicen, son una representación del mundo, para mí, sólo han sido eso, tablas; unas tablas que me lo han detrozado todo. El teatro todo lo pisotea. Siempre es una catástrofe.
Mais Thomas Bernhard, em entrevista (porque ele fez sucesso na semana passada...)
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Julio Daio Borges
4/8/2006 às 08h42
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