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Terça-feira, 19/9/2006
Inactivism
Julio Daio Borges

Eu tenho um projeto de leitura: autores consagrados, pouca literatura contemporânea. Não que eu deplore obras de escritores iniciantes (essa aversão, de tão difundida, me parece antes um defeito que uma qualidade), mas tenho muito medo de errar e valorizo o dinheiro que gasto.

Uma das conseqüências desse projeto é que leio críticas como quem desfruta de uma obra em si mesma. E é aí que está o problema: resenhistas freqüentemente lançam mão de expressões que, de tão vulgarizadas, perderam completamente o sentido, não persuadem mais, e isso me deixa muito, mas muito irritado.

Se fôssemos levar os críticos das nossas revistas impressas de cultura a sério, os lançamentos literários se encaixariam quase sempre no esquema da "prosa afiada", "ácida" e blablablá. Parece que a beleza não é uma qualidade admirada pelos resenhistas de hoje em dia. Uma pena. É como se a sordidez e a contundência de um realismo chulo fossem as únicas coisas que interessassem. Os leitores que freqüentam os melhores blogs já devem ter ouvido essa lamentação uma dúzia de vezes. Endosso.

Quando não assinala a crueza da "prosa", o resenhista parece não encontrar outro caminho senão aquele do adjetivo milagroso, que define o livro de uma maneira tal - "maravilhoso", "delicioso", "imperdível" etc. - que até parece que é a primeira vez que toma contato com alguma obra de relevância. A síntese absoluta do crítico sempre me pareceu a mais pobre expressão das suas sensações.

Cleber Corrêa, no seu blog, que linca pra nós.

Julio Daio Borges
19/9/2006 à 00h10

 

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