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Terça-feira, 26/9/2006
Ceravolo e a velha internet
Verônica Mambrini

Um dos alunos do curso de Jornalismo Cultural do Centro de Estudos da Revista Cult pergunta: "Você acha que a internet roubou público da TV, do jornal, da revista?". Haroldo Ceravolo Sereza, editor da capa do UOL, responde: "Acho que não. Mas pode vir a tirar."

Se você der uma passadinha na capa do UOL, provavelmente vai achar conteúdo de cultura que privilegia a interação entre vídeos, arquivos de som, imagens e texto, além de links com a grife de veículos de imprensa como a Folha de S.Paulo ou a Veja. "Hoje não dá para pensar em nenhum processo jornalístico abrindo mão da internet", diz Ceravolo. "Eu não conheço nenhum caso de site que fechou uma revista ou jornal, pelo contrário. Bons sites tendem a render uma versão em papel".

De acordo com o editor, as chamadas de capa do UOL sempre tentam equilibrar conteúdo relevante e ao mesmo tempo interessante para o público. A palestra de Ceravolo, no último dia 19, deu detalhes de como a internet tem ganhado credibilidade com o público e da consolidação da linguagem que funciona bem para a Web.

"Uma coisa bacana de se fazer jornalismo cultural na internet é ficar ligado nessa produção que está sendo feita na rede", comentou Ceravolo. A Web é inesgotável tanto por sua capacidade praticamente ilimitada de prover conteúdo, quanto pela forma livre e autônoma com que a informação se organiza, como pelos novos filtros que estão sendo criados. Formatos como o blog, o podcast e o videocast abrem um espectro de possibilidades de circulação da informação diferentes de tudo que havia antes, sobretudo pelo fato de que qualquer um que tenha acesso às ferramentas pode gerar conteúdo em pé de igualdade, em termos de acesso, com o do de grandes veículos. E é difícil para a velha guarda do jornalismo aceitar esse processo irreversível.

A Web 2.0 tem suas próprias regras, que vão se criando dentro de uma geração que cresceu usando a internet como principal ferramenta de trabalho, entretenimento e comunicação. Em outras palavras, o futuro já chegou para a internet, mas o jornalismo na rede é teimoso e, no geral, insiste no passado. Se a era anterior foi a da informação, possivelmente a presente é a dos filtros. O sistema de abas ou de menus estáticos, por exemplo, ainda são as duas grandes opções usadas na organização de conteúdo de grandes portais de conteúdo jornalístico, como o próprio UOL, o Terra ou o Último Segundo. Perguntado sobre se as tags, extremamente usadas em fenômenos atuais da Internet como YouTube ou del.icio.us, poderiam ser absorvidas pelo jornalismo como parte da linguagem da Web, Ceravolo, concluiu, caetanamente: "Isso no limite, é a morte do jornalismo. Ou não."

Verônica Mambrini
26/9/2006 às 23h27

 

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