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Quarta-feira, 4/10/2006
Conversas sobre literatura
Rafael Rodrigues

.as conversas sobre literatura, mesmo entre o público mais culto e esclarecido, raramente ultrapassam variações de diálogos do tipo "E aí, já leu o LIVRO X, do AUTOR Y?" "Claro, bom à beça. Gostei muito." "Bacana, né? Agora já comecei o LIVRO Y, achei o início sensacional." "De quem é esse mesmo?" "Do AUTOR X, primeira tradução direto do original, saiu pela coleçãozinha nova, aquela, da EDITORA Z, com as capinhas aquelas." "Ah, claro. Claro. Tinha lido a resenha do RESENHISTA A no JORNAL B. Tenho que comprar esse aí também, mas a grana tá curta."

Sob o risco de minha memória estar sendo deformada por sentimentos nostálgicos, acho que na adolescência eu tinha muito mais conversas longas e profundas sobre livros com meus amigos do que hoje, agora que já publiquei livros e trabalho praticamente só com coisas relacionadas a literatura ou mercado editorial.

Em seu blog, Ranchocarne, o escritor gaúcho Daniel Galera - autor de Mãos de cavalo, desde já um dos livros brasileiros do ano - fala da sensação de que a qualidade da leitura vem caindo à medida que aumenta a velocidade com que novidades literárias são lançadas e substituídas no foco de interesse de um público numericamente ridículo. Galera está falando da leitura em geral e não apenas da dele - o que poderia ser atribuído com algum cinismo ao seu ingresso na idade adulta. Vale a pena ler o texto inteiro. A generalização é perigosa, como todas, mas alguma coisa nessa conversa faz muito sentido. Só não sei dizer ainda exatamente qual.

Acho que preciso ler mais.

Sérgio Rodrigues, no seu Todoprosa, sempre levantando boas discussões.

Rafael Rodrigues
4/10/2006 às 11h50

 

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