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Quarta-feira, 11/10/2006
Pocket Plus!
Rafael Rodrigues

Não foi fácil escolher. Entre doze títulos, poderia comprar apenas três. Isso, para um viciado em livros, é quase que pedir a morte. Ok, estou exagerando, mas foi uma escolha muito difícil.

Para ser mais claro: estou falando da editora L&PM, que lançou recentemente uma nova coleção de livros pocket. Pocket Plus, o nome da coleção. São títulos muito bons, em edição um pouco mais simples e muito simpática, a um preço bem camarada.

Entre os títulos, estão: Uma temporada no inferno, de Arthur Rimbaud; Tristessa, de Jack Kerouac; Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke.

Eu acabei escolhendo O gato por dentro (2006, 102 págs.), de William Burroughs (de quem já ouvi falar bastante, mas até então não tinha lido obra alguma); Sobre a brevidade da vida (2006, 84 págs.), de Sêneca; e O diamante do tamanho do Ritz e outros contos (2006, 136 págs.), de Francis Scott Fitzgerald.

O primeiro é uma declaração de amor aos gatos, animais que o escritor americano aprendeu a amar e que tiveram uma influência muito grande em sua vida, especialmente nos últimos anos. Nos textos sem título, alguns curtos e muito pessoais, como se fossem posts de blog, William Burroughs dá uma mostra do escritor que foi. E continua sendo, pois a literatura é imortal:

"O livro dos gatos é uma alegoria, na qual a vida passada do escritor se apresenta a ele como uma charada felina. Não que os gatos sejam marionetes. Longe disso. Eles são criaturas vivas que respiram, e quando se tem contato com qualquer outro ser, isso é triste: porque você vê as limitações, a dor e o medo e a morte final. É isso que significa contato. Isso é o que vejo quando toco um gato e percebo as lágrimas escorrerem por meu rosto."

Sobre a brevidade da vida traz ensinamentos do filósofo espanhol (sim, sim, Sêneca nasceu na Espanha!), através de cartas que envia a Paulino, supostamente sogro do filósofo.

"Nenhum homem sábio deixará de se espantar com a cegueira do espírito humano. Ninguém permite que sua propriedade seja invadida, e, havendo discórdia quanto aos limites, por menor que seja, os homens pegam em pedras e armas".

(Alguma semelhança com a atual realidade não é mera coincidência.)

Na capa de O diamante do tamanho do Ritz e outros contos, há a seguinte frase: "Fitzgerald era melhor escritor do que todos nós juntos", de John O'Hara, um dos maiores escritores norte-americanos do século XX. O'Hara nasceu em 1905 e publicou seu primeiro romance em 1934. Portanto, pode colocar todos os autores contemporâneos a ele em "todos nós juntos". E aí você terá uma noção da importância de Fitzgerald. Se você já não tem, claro.

O conto que dá título ao livro é uma mistura de conto fantástico e "quase horror", digamos assim, pois não chega a tanto. A família Washington vive isolada de tudo e de todos em algum lugar do oeste dos EUA. Lá eles têm uma fonte inesgotável de dinheiro: um diamante do tamanho do hotel Ritz-Carlton. Um segredo guardado a sete chaves que o chefe dos Washington mantém a qualquer custo. Para que os filhos não deixem de ter amigos, ele permite que colegas de seus filhos sejam convidados a entrar na fortaleza da família e passar as férias por lá. Já a volta, não é tão garantida assim... O jovem John T. Unger, novo amigo de Percy Washington, filho do todo-poderoso Braddock Washington, descobre isso e precisa encontrar um meio de escapar daquele lugar e assim salvar sua vida.

A coleção Pocket Plus é uma ótima novidade no mercado editorial, pois alia boa qualidade de edição, excelente qualidade de títulos e preço acessível. É o fim daquela coisa de que "ler é caro". Se você conhece alguém que andava falando isso, pode mandar ele ou ela procurar uma outra desculpa...

Para ir além
Pocket Plus

Rafael Rodrigues
11/10/2006 à 00h17

 

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