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Terça-feira, 9/1/2007
Programas infantis na TV
Ana Elisa Ribeiro

Nas férias, a programação da tevê aberta se modifica completamente. Os filmes da Sessão da Tarde deixam de ser Curtindo a vida adoidado e passam a desenhos animados e a produções da Xuxa. Quem tem criança em casa sabe do que estou falando. As escolinhas oferecem colônias de férias, mas grande parte dos pais precisa dar conta dos guris na sala do apartamento. Depois dos presentes de Natal, isso fica apenas mais bagunçado.

Estou falando em tevê aberta por dois motivos: porque é dela que fala a maior parte da população brasileira e porque eu não pago tevê a cabo. Então vou mencionar apenas a programação que está disponível a todos.

Na Globo, a infância fica mais assistida pela manhã, mas a Xuxa poderia ter se aposentado numa boa, faz tempo. O que sobra com um pouco mais de qualidade é o Sítio do Picapau Amarelo, com a nova roupagem. A Sessão da Tarde faz revisão das produções da própria Globo ou da Disney.

As tevês públicas educativas têm a melhor oferta, disparado. Pela manhã, os desenhos animados em ritmo de quintal de casa (sem pancadaria ou sacanagem) vêm aos borbotões. Alguns são meio lisérgicos, mas valem pela narrativa. Clifford é um cachorro vermelho gigante, que mora numa ilha e tem amigos cães e humanos; Os Sete Monstrinhos são filhos de uma bruxa e dão lições de colaboração e convívio com a diferença; Timothy vai à Escola trata do convívio em um ambiente escolar muito bacana (os personagens pricipais são guaxinins); Harry e o Balde de Dinossauros é uma viagem muito doida entre um menino (o Harry) e os dinos de brinquedo dele, que ficam "de verdade" de vez em quando; Os amigos de Miss Spider é uma animação com insetos e aracnídeos (meu irmão biólogo insiste nisso e morre de raiva dos jornais: aranha não é inseto).

Com gente, há clipes do Palavra Cantada, o Baú de Histórias (em que dois atores e músicos contam boas narrativas), os bonecos do Cocoricó (fantástica narrativa feita com bonecos de espuma) e a trilha sonora do Hélio Ziskind.

Em Minas Gerais, a programação apresenta o Dango Balango, que não consegue segurar a atenção de crianças por muito tempo. Apesar da produção bem-intencionada, com uma equipe bacana (Giramundo, poetas conhecidos, hora do conto, externas com crianças na rua e trilha do Grivo), tem um clima soturno, de terror, escuro e esquisito que não parece ter sido feita com astral para crianças. Talvez a família Adams curtisse.

Aos sábados, passa uma coisa estranha, mas interessante, chamada Jay Jay, o Jatinho, uma animação em que os personagens são aviões e teco-tecos. Grande parte dos desenhos e dos programas com pessoas são importados do Canadá ou da Itália, até do Japão (como é o caso do Pitágoras, programa em que os japas dançam e ensinam coisas científicas). Há também os irmãos Kratt apresentando o Zoboo Mafoo, uma conexão animal narrada por um lêmure e dois caras engraçadinhos. O Pitágoras é apresentado pelo Senhor Enciclopédia e pelo Tevê Cão. Coisa mais estranha, mas depois a gente se acostuma.

Entre os programas nacionais, além de Minas, grande parte da boa produção é feita em São Paulo ou no Rio de Janeiro, o óbvio. Acredito que estejamos perdendo muita coisa legal que deve estar rolando em outros cantos do país.

A dica é a seguinte: a tevê pública ainda bate de 10 a 0 em qualquer coisa feita pela tevê comercial aberta. Isso deve se aplicar a grande parte da tevê paga também, convenhamos.

Ana Elisa Ribeiro
9/1/2007 às 15h47

 

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