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Terça-feira, 23/1/2007 Mais estranho que a ficção Ana Elisa Ribeiro Harold Crick é um cara certinho. Desses neuróticos e entendiantes que os parentes chamam de "sistemático". É auditor da receita federal (nos EUA) e leva aquela vidavidavida, entendem? Daí que um dia ele vai auditar uma moça sexy e a parte comédia romântica do filme se instala. Mas isso não é demérito. O filme é uma graça. Os efeitinhos de desenho animado são graciosos, assim como o ator e a atriz. Dustin Hoffman é que parece meio deslocado na trama, assim como o final do filme poderia ter solução melhor. Harold Crick descobre, um dia, que é um personagem de romance. O livro ainda não está acabado e ele descobre essa loucura quando começa a escutar a voz da narradora em off. Para não pirar sozinho, procura um professor de teoria da literatura, daqueles bem ao estilo USP, e eles iniciam uma investigação cheia de piadinhas internas. Para entender os gracejos, é necessário saber um mínimo sobre o cânone literário ocidental. Crick é convincente, já a fusão entre narrador e autor (na mesma pessoa, na mesma voz) parece atrapalhar as aulas de literatura da vida real. Vai-se explicar tudo de novo, mas depois de ver este filme, o narrador é o autor. Fazer o quê? Paguei meia-entrada, sentei no meio da sala de projeção, comi uma trufa depois do filme e nem vou contar o final. Vale o ingresso. Ana Elisa Ribeiro |
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