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Quinta-feira, 1/2/2007
Duas desculpas e uma meditação
Daniel Bushatsky

Caros leitores, primeiro me desculpo por nas próximas linhas colocar o foco em Tom Jobim, "esquecendo-me", assim, de falar sobre Toquinho, Vinícius de Moraes, Miúcha, entre tantos outros músicos que ajudaram o gênio a se desenvolver e ser ou ter o reconhecimento que possui hoje.

Minhas segundas desculpas vão aos que esperam deste humilde texto uma análise matemática das letras, composições, enfim, das belas poesias de Tom. Isso, deixo com os especialistas. Só lhes garanto uma coisa: li e estudei o Compositor (com letra maiúscula mesmo) para deixar aqui uma meditação.

A felicidade é complicada, e "é por ela ser assim tão delicada, que eu sempre trato dela muito bem".

Não é de hoje que a sociedade esqueceu dos pequenos gestos: obrigado, seja feliz, boa sorte e tudo bem? (querendo mesmo saber a resposta).

As pessoas são hipócritas e más, e, talvez seja por isto que "Passarim quis pousar, não deu, voou, porque o tiro partiu, mas não pegou".

A individualidade exacerbada, o egoísmo, a falta de reflexão, faz o mundo selvagem e competitivo.

Poucos são os que param para ler um bom livro, ouvir uma boa música (que não seja no carro indo para o trabalho) e dedicam parte do seu dia ao ócio, ao prazer, a descobrir a beleza do mar, do céu, das estrelas e por que não da alma, do espírito e de como o mundo poderia ser, mas não é, por pouco...

Mas o que mais incomoda é o "não é comigo", é olhar o pobre e achar que a culpa da pobreza é a preguiça e a da preguiça é a inveja.

O Brasil está cheio de desculpas tangentes!

Já dizia Chico Buarque: "dinheiro é bom para comprar uísque, charuto e pagar o aluguel. Quando o dinheiro é tudo, a vida vira a maior chatice".

E completa Noel Rosa: "Quanto a você, da aristocracia, tem dinheiro, mas não compra a alegria. Há de viver eternamente sendo escravo dessa gente que cultiva a hipocrisia".

O que eu quero dizer com tudo isso, e acho que eles quiseram dizer também, é que precisamos desenvolver nosso lado poético, metafísico, improvisador (uma das melhores qualidades de Tom), para alcançarmos uma vida mais sadia, menos estressada, mais pura.

Já que "pobre de quem acredita na glória e no dinheiro para ser feliz", porque mesmo no peito dos desafinados bate um coração, espero, sinceramente, que aos poucos comecemos a dar mais valor ao ser do que ao ter, pois isto sim será a promessa de vida no seu coração.

Uma sugestão: façamos como nas composições do Poeta: tudo tão simples, mas tão profundo...

Daniel Bushatsky
1/2/2007 às 14h59

 

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