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Quinta-feira, 22/2/2007 Deu samba na Sapucaí Ram Rajagopal Terminado o segundo dia de desfile, boa parte das saídas dos blocos de rua, e o resultado da apuração do desfile das escolas do Grupo Especial, podemos dançar as marchinhas pós-carnavalescas: * A segunda-feira teve uma cobertura um pouco melhor do desfile, especialmente em relação ao som televisionado. Cléber Machado narrou o desfile como se estivesse narrando mais uma decisão do vôlei brasileiro. Dudu Nobre e Chico Spinoza salvaram o programa. * A escola mais criativa, que fez um carnaval surpreendente, foi a Viradouro. Obviamente que não seria campeã. Sucesso de público com criatividade é receita para ser fracasso de crítica. * A minha musa do carnaval é a Juliana Paes. Beleza, samba no pé, olhar sensual, e acima de tudo, a postura de quem é rainha e conduz seus súditos do "paraticumbum", apresentando-os para a avenida. Para as aspirantes atrizes globais, prestem atenção: na avenida, a rainha apesar de ser o centro das atenções, não pode chamar para si a atenção! * Como era de se esperar as maiores confusões vieram da Mangueira, que passou por profundas mudanças de administração este ano. Fora a polêmica Beth Carvalho, a Mangueira apostou na Preta Gil para madrinha. Foi um fracasso. Sambou mal a beça, e pior, não se tocou que a rainha conduz seus súditos, e não a si mesma para aparecer na tevê. Obviamente todos os "polcoristas" de plantão disseram: critica porque é gorda e preta. Já era de se esperar... A escola não apresenta nada novo há quase uma década. Do jeito que está, serão mais alguns anos até ganhar um carnaval. * A Beija-Flor, que já foi do inovador Joãozinho Trinta, fez um desfile conservador, mas vibrante e colorido. E o melhor: usou o politicamente correto tema "afro-brasileiro". É óbvio que iria ganhar. Até quando Joãozinho ganhava era porque fazia denúncia social... Ele sabia que, no Brasil, criatividade não ganha nada. O que vale é denúncia social, viés político, e apoio de bicheiro... contra o qual sempre foi silenciosamente contra. Mas parabéns à comunidade de Nilópolis que não tem nada com tudo isso! * Seriam os presidentes da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, e o jurado, presidente do Fluminense, Francisco Horta, relacionados? Isso talvez explique como a Unidos chegou à frente da Viradouro, no quesito Alegorias e Adereços. Isso e nosso conservadorismo, que jamais prestigiará o novo... até que seja copiado por todas as escolas. E, ainda assim, a cópia vai ganhar prêmio. * Paulo Barros, a melhor novidade do carnaval da Apoteose nos últimos anos, pode se sentir justiçado. Todas as escolas copiaram alguma idéia sua. Assim como foi na era Joãozinho Trinta... Uma coisa para os reclamadores de plantão: carnaval da Sapucaí não é, e não é para ser, carnaval de rua. A intenção é outra. É luxo, é inovação, plasticidade, é o equivalente ao blockbuster americano de cinema. E como todos sabemos, a blockbuster todo mundo assiste. Alguém aí vai querer assistir na televisão a puxada da Banda de Ipanema? * O carnaval de rua, que era ótimo, agora está superpovoado. Precisamos de ONGs, por favor! A passagem da Banda de Ipanema, que antigamente você podia seguir caminhando, com os outros velhinhos fãs do carnaval de rua, hoje é evento insuportável, com gente demais... Pior, muita gente querendo aparecer, ao invés de só curtir o programa. Parece que as pessoas andam sem dinheiro mesmo. Portanto, programa de graça? Injeção na testa! * Quem quiser pegar a rabeira do carnaval carioca, neste sábado tem Monobloco... Já aviso: vai ser uma confusão enorme, com gente demais. Para os solteiros, o Monobloco é uma festa. Então aproveitem! Semana que vem, a maioria já terá que fingir que trabalha... * E só para terminar: atenção, carnavalescos, não vamos tornar a Marquês de Sapucaí mais uma avenida para mensagem social... Deixem esse papel para as ONGs, emissoras de tevê, jornais e professores que precisam disso para "subsistir". O samba é, por sua raiz, uma expressão da cultura afro-sul-americana. Não precisamos acabar com nossa criatividade de brasileiro para restringir-nos somente a temas africanos, ou politicamente corretos... Senão, se quiserem mesmo homenagear a África, façam um samba sobre as guerras tribais, a violência à mulher, o tráfico de escravos negros (por outros negros), os barbáricos traficantes de drogas afro-nigerianos... e outras belezas do gênero. Ou será que em determinada cor de pele só tem pessoas bacanas? Neste ano foram mais de quatro escolas com sambas politicamente corretos, sendo que duas foram campeãs... Nosso país está ficando insuportável. * Agora, para terminar mesmo: viva ao Mengão! Se ganhar a Libertadores, podemos lhe dar o título de "Afro-campeão sul-americano", e quiçá, não ganha mais verbas do governo, das centenas de milhões destinadas às ONGs...? Post Scriptum Aos atacados de plantão, as opiniões deste post são de responsabilidade exclusiva do autor. Os incomodados, por favor, não leiam. Comecem sua ONG, e curtam Nova York como muitos amigos meus "ONGeiros". E Ju (Paes): se você estiver lendo, está de parabéns, e espero você no carnaval do ano que vem, mais linda, mais gostosa, e sambando mais ainda... Ram Rajagopal |
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