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Quarta-feira, 28/2/2007 Oferenda Ana Elisa Ribeiro OLÁ POVOS, OLÁ GENTES para ana elisa ribeiro se os meninos a mim não vêm, aos meninos então eu vou, albatroz-altazor, vôo maduro do condor, quebro o muro de berlim mais uma vez, corto em tiras o couro cru das gerações. aos 55, muito já vivi, quantos trens perdi, quantas barcaças virei, quantos portas chutei, quantas facas esmurrei, e a noite, a noite do tempo incessante, a noite eu a recebo com sol, o sol do farol dos que já vêm. se os meninos a mim não vêm, aos meninos então eu vou, um pé e outro pé, essa mão e outra mão, a ponte, eis a ponte que ainda resiste, eis o vau do rio passante, eis o sol do farol dos que já vêm. sem sossego no desassossego, sigo o curso da contracorrente. os meninos estão com 20, 30, 40, por eles passo com pés escreventes, dou-lhes, com lentitudes, o meu bom-dia, dou-lhes o boa-noite, sei que a pressa nuvem-ave, ora direis, turva os ouvintes, mesmo assim, digo, do alto dos 55: "olá povos, olá gentes". Do escritor Paulinho Assunção, que linca para nós e resolveu presentear esta colunista. Ana Elisa Ribeiro |
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