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Segunda-feira, 5/3/2007 Dá para aprender literatura? Marília Almeida Esta foi a pergunta feita por João Silvério Trevisan a seus alunos do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema - AIC, em São Paulo. João a faz do alto de uma respeitável carreira literária que soma trinta anos e três Jabutis por Troços e destroços (contos, 1998), Ana em Veneza (romance, 1995) e O livro do avesso (romance, 1993). E completa: por quê fazer um curso de criação literária? As respostas são diversas: - Quero aperfeiçoar meus textos. - Para aumentar meu repertório. - Meu objetivo é conhecer histórias de vida e experiências que irão fazer com que amadureça idéias sobre o tema. O comum entre elas? Ninguém acredita que a literatura possa ser aprendida. Todos estão ali em busca de insights para criar, fato que derruba muitos preconceitos com relação a oficinas literárias. E o professor complementa: - Técnicas para aprender a criar são importantíssimas, mas não acontece na ficção e menos ainda na poesia se não houver repertório. João Silvério é professor de oficinas literárias há 20 anos e enfatiza: apenas dois de seus alunos seguiram carreira literária. Ao justificar o fato, é ácido: "Não existem políticas públicas nem privadas neste país para a literatura. Tanto que não há oficinas na área como escolas de cinema e teatro. Convivi com escritores maravilhosos que não sei onde estão. Muitas editoras não têm departamentos específicos para leitura de originais e só quem tem contatos é publicado", desabafa. E cita Clarice Lispector ao lembrar que literatura é 20% inspiração e 80% expiração. Ao contrário do que muitos pensam, "é preciso talento, intuição, muito trabalho e suor". Marília Almeida |
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