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Quarta-feira, 14/3/2007
Máxima metidez
Julio Daio Borges

Depois de quase um ano estudando alemão só por livros didáticos, me cansei de ler coisas como Ouça o diálogo abaixo e depois responda às perguntas e Você já passou por alguma situação parecida à de Jan e Klaus? Escreva-a e depois conte-a para sua turma e, tupinambá abusado, passei por cima dos Irmãos Grimm e comprei logo Minima Moralia, do Adorno, pra ver se conseguia aprender alemão sem precisar voltar a ser criança. Tsc, Rolf, tsc, Rolf, nicht so schnell, que faço questão de colocar assim, em teutão, porque continuo metido, apesar de só ter entendido, do primeiro aforismo do livro, as frases com menos de cinco palavras. Mas, ora, não existe fracasso tentando aprender alemão. É como se sentir um estúpido porque os símbolos de La Double Vie de Véronique apareceram e desapareceram com o mesmo mistério; porque as Kreislerianas de Schumann são virtuosas demais e os temas ficam mais ou menos ocultos, embaralhados. Não dá, não há fracasso aí. Determinadas ações não exigem a obtenção do fim desejável para serem honrosas. Hein? Ação honrosa? Tal coisa existe? Ou tudo é honroso ou nada é honroso, já li isso em algum lugar, mas não me importo. Aliás, com nada. Gleichgültig ob aus Talent oder Schwäche... (Indiferente quer pelo talento quer pela fraqueza...) Este primeiro aforismo de Adorno é dedicado a Marcel Proust.

Rolf Lima, no MacFern, que linca pra nós.

Julio Daio Borges
14/3/2007 à 00h34

 

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