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Quarta-feira, 21/3/2007
Puro Guapos no Tom Jazz
Marília Almeida

Em uma quarta-feira chuvosa de São Paulo, admiradores do tango argentino puderam se reunir em um clube intimista: uma casa feita de tijolos com sofisticada arquitetura assinada pelo arquiteto Gianfranco Vanucci. Longe do trânsito da Vila Olímpia e Itaim, próximo ao centro.

Não à toa, logo na porta lembramos do Bourbon Street Club, pois ambos os empreendimentos pertencem ao mesmo grupo. O clube é o Tom Jazz, grande achado complementado pelo ótimo show da banda De Puro Guapos no dia 07 de março, reapresentado nesta quarta-feira (21).

Nomeada Orquestra Típica de Tango, De Puro Guapos surgiu na cidade em 1999 e é formada, majoritariamente, por jovens músicos brasileiros: Rafael Zacchi (clarinete), Gustavo Nascimento (violino), Leonardo Padovani (violino), Marta Autran Dourado (violoncelo), Vinícius Pereira (contrabaixo), Paulo Brucoli (piano) e Marcos Braga (viola). Há apenas um argentino: Martin Miron, no bandoneón, instrumento da família do fole, e arranjos.

Com um repertório instrumental de compositores desde 1910 até contemporâneos, a simpática banda nos faz refletir sobre a paixão inspirada pela capital Buenos Aires e a rixa com os portenhos se dissipa entre a música dramática e caliente. Então, corajosos dançarinos da platéia vão para a pista, a traduzindo através de uma dança sensual encantadora. E é fácil fazerem um show à parte.

Para começar, os músicos tocam a mistura de jazz com a estrutura do tango tradicional característica da obra de Astor Piazzolla, responsável por tornar o ritmo erudito. Repleta por uma delicada melancolia, ela é seguida por uma milonga, música de origem afrodescendente, bastante tocada no interior da Argentina. Depois, um tango tradicional: dramático, com picos e contrastes, pontuado pelo piano.

O show tem diversas intervenções de Martin. São comentários didáticos, piadas sobre o Uruguai (como não poderia deixar de ser), além de curiosidades, como as fontes de inspiração das músicas tocadas. "Tristezas de la Calle Corrientes" fala de uma rua de perdição como nossa Augusta e "Tecal" é o nome de um tecido usado por meninas do interior, como a namorada de um garoto apaixonado, que o largou e foi para o centro em busca de dinheiro. O resultado? Ora, um tango!

O set evolui com o tango "Uno", do compositor ainda vivo Mariano Moraes, e a clássica "La cumparsita", de Carlos Gardel, considerado o maior cantor de tango de todos os tempos. Depois, a sóbria "Balada para mi muerto", música de Piazzolla em formato reduzido, com violino, violoncelo, contrabaixo e piano. "Quejas de baldoneón", de Juan Dias Filiberto, é rápida e virtuosística, seguida pela singela milonga "Nocturna", de Julian Plaza. Mais Piazzolla e Gardel fecham a noite.

Para quem quiser conhecê-la e não puder ir ao show, a banda lançou um disco ao vivo no ano passado, nomeado De Puro Guapos ao Vivo e composto por músicas como "Taquito militar" (Mariano Moraes), "A la gran muneca" (Jesus Ventura), "Derecho viejo" (Eduardo Arolas e Gabriel Clausi), além de várias de Piazzolla, como "Adiós Nonino", "Libertango" e "Milonga del angel". Ele pode ser comprado pelo site do grupo. Mas fique atento: a banda ainda se reapresenta nos dias 11 e 25 de abril.

Para ir além
Tom Jazz

Marília Almeida
21/3/2007 às 11h24

 

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