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Segunda-feira, 26/3/2007 Coragem Daniel Bushatsky Mesmo que a revista americana Time tenha eleito o YouTube a maior invenção do ano por "criar uma nova forma para milhões de pessoas se entreterem, se educarem, e se chocarem de uma maneira como nunca foi vista" (edição de 13/11/06). Mesmo que 25 milhões de pessoas no Brasil, por mês, concordem com a opinião da famosa revista americana, e mesmo que investidores, engenheiros, administradores do Google concordem que o YouTube vale a bagatela de 1,65 bilhões de dólares e lhe trará muito lucro, eu não concordo Pelo contrário, vejo um site que estimula uma democracia falsa, um trabalho não sujeito à crítica, uma competitividade sedentária, como, por sinal, não poderia deixar de ser. Qualquer pessoa pode colocar suas "produções" no YouTube devendo somente evitar, segundo o porta voz do site: "conteúdo obsceno, profano e indecente". Restritivo, não? Caro leitor, para você o que é profano? A questão é que o comunismo produtivo do YouTube não gera a competitividade, que é, na minha opinião, o fato gerador do desenvolvimento, da criatividade, da seleção do que deve ser visto ou do que não deve ser visto. Os animais, por exemplo, só se desenvolveram através da competitividade. A lei era clara: os mais fracos morriam; os mais fortes sobreviviam. Darwin já explicava o fenômeno, com outras palavras, com sua "Teoria da seleção natural". Nesta, os geneticamente mais desenvolvidos sobreviviam e as espécies menos adaptadas ao meio ambiente desapareciam. Os seres humanos, organizados em complexas sociedades, possuem o mesmo sistema de seleção natural. Se quisermos ser reconhecidos, devemos enfrentar a crítica, passar pelas pressões sociais, e, conseqüentemente, crescer, amadurecer, e criar produtos de qualidade. Ora, qual é o filtro que se passa para colocar um filme no YouTube? Nenhum! E não me venham dizer que isto é democratização. Isto é não enxergar o ruim, é ser cego. É esquecer o significado da palavra qualidade. Hipóteses vêm surgindo de que após a aquisição do YouTube pelo Google, este passe a controlar mais a qualidade do que será exibido nele. Isto porque certamente pressões da sociedade, ações judiciárias e restrições culturais internas, inerentes às grandes empresas, criem políticas de controle de inserção de vídeo no site. Infelizmente, não é este tipo de controle de qualidade a que estou me referindo. Acho bonito e saudável que as pessoas expressem suas opiniões sem qualquer censura, bem como a oportunidade de termos um site que acolha o entretenimento sem preconceitos. Mas tudo tem limites! Devemos incentivar a seleção natural. Estimulando e congratulando assim, principalmente, a coragem daqueles que deram a cara para bater, tentaram, cresceram e assim produziram algo que vale a pena ser visto. Precisamos encarar o fato de que tudo estando à mão, é como se nada estivesse à mão. Temos muito pouco tempo para perder com porcarias virtuais. Daniel Bushatsky |
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