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Quinta-feira, 26/4/2007 Mestres do blablablá Tais Laporta Muita gente já ouviu falar em "sofisma". O termo entrou em desuso há milênios, mas foi uma das artes mais admiráveis no mundo grego: persuadir pelo discurso. Os sofistas, portanto, convenciam multidões com um papo bem elaborado. Seu discurso nem precisava ser tão verdadeiro. Nem um pouco, na verdade. Sócrates viveu quando os sofistas faziam grande fama. Ele soltava a língua - como aponta Os Pensadores, curso iniciado esse semestre na Casa do Saber - para desbancar a astúcia dos sofistas. "Como Sócrates não deixou escritos", lembra Roberto Bolzani Filho, "temos três fontes confiáveis: Platão, Xenofonte e Aristófanes". Enquanto os dois primeiros fizeram as famosas apologias ao pensador, Aristófanes ridicularizou Sócrates em uma de suas comédias, As Nuvens. Na peça, o acusava de ser apenas mais um sofista. Essa fama teria prevalecido se os diálogos de Platão não repercutissem tanto no pensamento ocidental. Neles, Sócrates desafia seus interlocutores, supostos sábios, com questões espinhosas. Por ironia, perguntava apenas o que não podia ser respondido. No diálogo com Hípias "O que é o belo?", Hípias responde: "O belo é uma bela moça". Mas Sócrates não quer exemplos de coisas belas. Quer saber "o que deve estar em todas as coisas belas, para torná-las belas". Na ótica de Platão, Sócrates os ajudaria a sair do erro para chegar, assim, à verdade. Obviamente, foi mal interpretado e conquistou desafetos. Em Apologia de Sócrates, o pensador é acusado de corromper a verdade. No tribunal, prefere a morte a reconhecer seu erro. A postura relutante de Sócrates acaba por obrigar os juízes a condená-lo à morte. "Sócrates é um divisor de águas na filosofia antiga", acrescenta Bolzani. Foi o primeiro a propor que o conhecimento nasce totalmente da razão. Esses valores vão influenciar Platão e Aristóteles, bem como o pensamento ocidental posterior. Estas e outras reflexões ganham fôlego nos cursos semestrais oferecidos pela Casa. Tais Laporta |
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