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Segunda-feira, 14/5/2007 New kids on the road Adriana Baggio Comercial do Scénic Kids, automóvel da Renault com DVD, assinado pela agência de publicidade Neogama. O mérito da peça é o novo posicionamento para um carro cujo principal opcional nem é mais tão diferenciado assim. Fazer o quê? É preciso se destacar em um mercado super competitivo e com produtos cada vez mais parecidos. E como ser diferente sem poder lançar produtos radicalmente novos? A saída foi essa. Para mim, a parte mais divertida do comercial é a das crianças em uma bagunça verdadeiramente rock'n'roll. Highway Star, do Deep Purple, transmite o inferno em que pode se transformar uma longa viagem de carro com três pirralhos. O contraponto é uma família tranqüila e feliz, viajando embalada por uma suave música clássica. Os pestinhas estão quietinhos no banco de trás, assistindo ao desenho que passa no DVD. Pai e mãe se olham em beatífica felicidade. O filme me deixou enjoada. Não porque seja ruim, é que assistir DVD no carro dá náusea, assim como ler. Já comecei a imaginar aquelas três crianças vomitando no Scénic novinho, emporcalhando o banco. O casal teria que parar no acostamento, limpar a turminha e arranjar uma farmácia para comprar Dramin. E depois, uma família que tem grana para comprar um Scénic dificilmente vai ter três filhos. A média de filhos por mulher hoje, no Brasil, é de 2,39, considerando todas as classes sociais e regiões. Nas famílias de renda mais alta, esse índice baixa para 1,1. Claro, o DVD serve para acalmar qualquer quantidade de crianças e a situação do comercial é hiperbólica, servindo para materializar o benefício do produto. E eu também não faço parte do target (nem familiar, nem financeiramente), por isso preferia estar mais no carro rock'n'roll bagunceiro do que no calminho com DVD. De qualquer forma, uma leitora do Blue Bus compara as cenas do comercial com as viagens que ela fez quando criança e as que faz hoje com o filho, em que eles passam o tempo conversando e brincando. Eu também lembrei das viagens da minha infância. Provavelmente rolava umas confusões entre eu e meu irmão. Porém, duas coisas nos acalmavam. Primeiro, as broncas da minha mãe. Segundo, as brincadeiras de contar os caminhões azuis da Sadia, adivinhar a marca do carro que vinha em sentido contrário e fazer a estatística das cores mais comuns. Nada é mais como antes. Nem as crianças, nem os pais e nem os Mercedes de cara redonda da Sadia. Adriana Baggio |
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