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Terça-feira, 22/5/2007
Fé e razão
Tais Laporta

Até hoje os filósofos divergem sobre a existência de uma filosofia durante a Idade Média. Apesar de ter sido um período de trevas e de retrocesso intelectual, a era medieval abrigou homens que deixaram sua marca na história do pensamento. É o que apresenta parte do curso Os Pensadores, na Casa do Saber.

O problema em aceitar essa herança, para o filósofo Maurício Marsola, é a mistura entre racionalidade e religião que prevaleceu na Idade Média – o que comprometeria a neutralidade (e a própria essência) da filosofia. Santo Agostinho deixou uma obra amplamente lida nos corredores acadêmicos e também nos conventos: Confissões.

Mas a dualidade fé/razão com que guiava suas reflexões fez com que muitos contestassem em Agostinho o título de filósofo. O racionalista Émile Bréhier, por exemplo, afirma que nunca existiu filosofia no período medieval, uma vez que a “filosofia cristã” seria uma contradição. Já Étienne Gilson defende que o termo não é contraditório. “Apenas circular”, diz ele, de modo que a filosofia tenha coexistido, na Idade Média, em parceria com a fé.

Seja filosofia ou não, a herança de Agostinho é inegável não apenas na fé cristã, mas na história do conhecimento. Com ou sem religião, para entender a essência de seu pensamento é preciso esquecer o eterno conflito fé/razão, do qual poucos conseguem fugir.

Tais Laporta
22/5/2007 às 11h08

 

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