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Sexta-feira, 1/6/2007 Ídolo dos grandes Tais Laporta Houve um homem que foi sinônimo de perigo e ardilosidade. Seu nome tornou-se adjetivo de malícia, principalmente entre aqueles que defendem as mais puras virtudes humanas. Nicolau Maquiavel escreveu O Príncipe aos 52 anos, no despertar do Iluminismo, mas só depois de sua morte a obra ganharia uma repercussão altamente polêmica. Para o filósofo Júlio Pompeu, um dos professores do curso Os Pensadores, na Casa do Saber, Maquiavel é o ídolo dos grandes governantes. Não é para menos: inverteu a lógica das virtudes humanas e legitimou as arbitrariedades no poder como garantia do bem-estar social. Afirmou que para manter-se na política não basta que o homem seja bom, honesto e caridoso. Na verdade, nem é preciso sê-lo, contanto que pareça ser. Um bom governante deve saber jogar com os anseios do povo e dos nobres. Se quiser ser respeitado, deve ser amado e temido na medida certa. "A melhor forma para alcançar esse status é despertar o medo e a esperança nas pessoas", completa Pompeu. Somente por esses dois sentimentos seria possível ter o mundo a seus pés e, assim, garantir o merecido lugar ao topo. Seria a prática da virtù. Nada mais natural para quem acreditava que os desejos, e não a razão, deveriam guiar as atitudes humanas. A razão serviria, apenas, de instrumento para socializar o desejo. Admiradores e horrorizados devem concordar: as idéias maquiavélicas romperam com todos os padrões pré-estabelecidos da Antigüidade e influenciaram a história política da Idade Moderna ao século XX. Ainda assim, são totalmente indigestas para quem acredita em um mundo mais romântico. Tais Laporta |
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