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Terça-feira, 2/10/2007
Rush - Snakes and Arrows
Diogo Salles

O Rush está de volta. E em grande estilo. Após a quase decepção com Vapor Trails (2002), chegou ao mercado o novo álbum do trio canadense, intitulado Snakes and Arrows. Não que Vapor Trails fosse ruim, mas não era assim, digamos, tão "Rush". Era excessiva e desproporcionalmente pesado e o guitarrista Alex Lifeson fez uma opção arriscada (e duvidosa) na época: não solou em nenhuma música. O Rush que soa neste novo trabalho é o que alia o peso à técnica de maneira mais harmoniosa, como fizeram no excelente Test for Echo (1996). O próprio Alex Lifeson deve ter reconhecido seus exageros e voltou a se utilizar dos violões, que aparecem com destaque no disco. Arriscou-se, também, em instrumentos mais exóticos como mandola, mandolim e bouzouki. Com isso, o guitarrista proporcionou um caráter mais acústico e experimental ao disco. Ah, e voltou a solar muito bem, obrigado.

Alex Lifeson, aliás, é um caso a se estudar, pois, apesar de seu talento, sempre foi subestimado como guitarrista. Ora ofuscado pela pirotecnia multifacetada do vocalista/baixista/tecladista Geddy Lee, ora pelo brilhantismo hors-concours do baterista (e letrista) Neil Peart, o guitarrista foi, injustamente, relegado ao posto de anticlímax da banda - o que é uma heresia em se tratando de uma banda de rock. Ao contrário de bandas como Led Zeppelin, Aerosmith ou Rolling Stones - onde tudo depende quase que exclusivamente da parceria entre vocalista e guitarrista - o Rush sempre se caracterizou pela coesão e pela unidade, onde cada membro colabora com igual relevância. Se qualquer um dos três membros for substituído, o Rush deixará de existir. Após lutar desesperadamente contra a profusão de teclados no som da banda nos idos dos anos 80, Lifeson voltou a assumir o controle sobre o peso do som do trio com o lançamento de Counterparts em 1993. De lá até hoje, os teclados têm sido usados com mais parcimônia, para alívio dos rush-maníacos mais reacionários.

Quem sempre apreciou as peças instrumentais do trio, certamente vai se deliciar com Snakes and Arrows. Dentre as três instrumentais do disco, o destaque é "The main monkey business", que personifica o som do Rush atual. O peso também é mantido e o poderoso riff de "Far cry" não mente. "Spindrift" emerge de um clima mais soturno e a melodia aparece amplificada em "The larger bowl" e na quase bluesy "The way the wind blows". Em "Faithless", Neil Peart mostra-se cético em relação ao fanatismo religioso e disco fecha com o petardo certeiro de "We hold on". Com isso, é certo afirmar que Snakes and Arrows é um disco bem mais variado que os anteriores e certamente encontra uma boa posição na extensa discografia da banda.

Diogo Salles
2/10/2007 às 10h32

 

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