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Quarta-feira, 27/2/2008
Daniel Piza na Imprensa
Julio Daio Borges

Eu gosto da Piauí porque é uma revista que preza pela qualidade do texto. Mas discordo de algumas coisas. Achava que fosse ser mais bonita. Piauí não me convida muito à leitura. Prefiro revistas mais brancas. Há um excesso de reportagens sobre personagens folclóricos e questões exóticas e um pouco de medo de falar dos grandes temas. Perdeu-se, ainda, uma grande oportunidade de abrir um espaço à crítica cultural. Na New Yorker, por exemplo, você encontra a grande reportagem, perfil, serviço, poemas, contos e, no final, uma seção de críticas e ensaios de alto nível. As revistas culturais brasileiras, em geral, estão todas muito ruins. A Entrelivros, que era uma revista interessante, está por acabar acabou. Não pega. A Cult é complicada. Ora é muito séria, ora perde a mão. A Bravo, que já foi ambiciosa e qualificada, foi piorando com o passar do tempo. Existe sempre a pressão por vender muito. E muita gente acha que vender muito é vender 50, 60 mil exemplares. Só que no Brasil, onde os livros vendem 2, 3 mil cópias, se uma revista vender 20 mil exemplares está bom. Existe também um negativismo muito grande nessa área. Entrei em 1991 no "Caderno2", trabalhei na "Ilustrada" e Gazeta Mercantil. E só ouvi coisas negativas, do tipo "o leitor não está interessado nisso", "revista de cultura não dá certo no Brasil", "jornalismo sofisticado não dá certo". Derramam um caminhão de negativismo na cabeça dos jovens que chegam às redações. Isso é um problema sério.

Daniel Piza, na revista Imprensa de janeiro (via Jornalismo Cultural PUC Minas, que linca pra nós).

Julio Daio Borges
27/2/2008 à 00h21

 

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