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Segunda-feira, 25/2/2008 Duas vezes Nélida Piñon Luis Eduardo Matta Passei a desconfiar seriamente de que 2008 será um ano rico para a literatura brasileira após receber, na semana passada, a notícia de que Nélida Piñon lançará dois livros em breve. O primeiro, a coletânea de ensaios Aprendiz de Homero, sairá já no princípio de março, pela Editora Record. Cabe ressaltar que Homero, extraordinário poeta épico da Grécia Antiga e um dos ícones da grande literatura universal, é uma referência na literatura de Nélida Piñon, sendo ― junto com Cervantes, Shakespeare, Camões, Machado de Assis, entre alguns outros ―, constantemente citado por ela em muitos dos seus discursos e palestras proferidos dentro e fora do Brasil. Sobretudo quando a escritora discorre sobre os cânones que alicerçaram a arte da criação literária, ajudando, também, a forjar o imaginário humano. O outro lançamento de Nélida, previsto para o segundo semestre, e também editado pela Record é o de um volume de memórias, Coração andarilho, cuja redação exigiu da escritora, nos últimos meses, entre quatorze e quinze horas de trabalho diário. Desde a publicação, em 2004, de Vozes do deserto ― vencedor do Jabuti de melhor romance, em 2005 ―, os leitores de Nélida, dentre os quais me incluo, aguardam sua nova investida na prosa de ficção e, após um jejum de quatro anos, já estamos em festa. Ambos os livros sairão, também este ano, na Espanha, pela prestigiada Alfaguara. E os êxitos de Nélida Piñon parecem não conhecer limites. No Brasil, a Record acaba de lançar novas edições de O calor das coisas e de Vozes do deserto (a sexta). Além disso, nos próximos meses, vários livros da escritora sairão na Europa, em diferentes idiomas e, muito provavelmente, Nélida já está se preparando para uma nova turnê mundial de lançamentos, palestras e homenagens. Uma de nossas mais importantes escritoras vivas, cuja prosa literária é, inegavelmente, a mais bela do português brasileiro contemporâneo, é um exemplo de que o romance não só não morreu, como parece adquirir vigor renovado a cada passar de ano. Luis Eduardo Matta |
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