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Quarta-feira, 27/2/2008 Iron Maiden no Brasil. De novo Diogo Salles Eu fico aqui me perguntando... O que faz uma banda com três guitarristas (isso mesmo, três) em sua formação? Tudo bem, a pergunta original não é essa. Então lá vai: por que ir ao show? Não há muitas razões para fazê-lo. Exceção feita, claro, aos mais fanáticos, que seguirão a banda onde ela estiver. Todos nós já sabemos sempre o que esperar do Iron Maiden: mais do mesmo. A sensação que dá é que eles atravessaram as últimas décadas tocando a mesma música ininterruptamente. Não que tudo o que eles fizeram seja ruim. Pelo contrário. Prova disso é o disco Piece of Mind. Porém, lá se vão 25 anos. E não chega a surpreender o fato de que o último lançamento relevante deles (Fear of the Dark) já tenha mais de quinze. De lá pra cá, o sexteto inglês se escorou na muleta dos anos 80 e viveu exclusivamente da venda de seus discos clássicos e dos zilhões de CDs e DVDs ao vivo, que vêm sempre recheados com os mesmos sucessos daqueles dias gloriosos. O nome da turnê atual já entrega o ouro: Somewhere back in time. Para relembrar aqueles velhos e maravilhosos tempos de Powerslave. Quanta saudade. Naquela época vivíamos o ápice do New Wave of British Heavy Metal e o Iron Maiden reinava absoluto. Eles conseguiram criar uma imagem, uma atitude, uma marca peculiar e conquistaram fãs pelo mundo todo. Porém o tempo passou e a banda estagnou na primeira metade dos anos 80. Não buscaram renovar seu som. Preferiram não correr riscos, com medo de perder aqueles velhos fãs. Fãs que se tornaram tão xiitas quanto os do Kiss e fizeram de sua obsessão pelo Iron Maiden uma religião. Outro dia eu assistia (de novo) ao filme Rock Star e em determinado momento a banda se reunia em estúdio para discutir o direcionamento musical para o próximo disco. Foi ali que o líder da banda resolveu colocar ordem na casa e dizer que eles não mudariam seu som. Continuariam dando aos fãs os que eles querem ouvir. Mesmo que o filme seja remotamente baseado no Judas Priest, essa cena me fez lembrar bastante do Iron Maiden. Uma banda que já foi grande um dia, mas que jamais ousou arriscar diferentes sonoridades, sempre se ateve à mesma fórmula e que hoje vive exclusivamente daquele passado longínquo, "somewhere back in time". Por isso o Iron Maiden soa hoje como uma banda que já encerrou as atividades, mas que resolveu aderir à onda revival do rock. Essa mesma onda em que grandes bandas do passado se reúnem em turnês milionárias, pejorativamente apelidadas de caça-níqueis. Quanta maldade. Mas há uma diferença. Enquanto clamamos desesperadamente por uma turnê do Led Zeppelin, não precisamos nos esforçar para ir atrás do Iron Maiden, que, ao lado do Deep Purple, se consolidou como o arroz-de-festa do rock. Cedo ou tarde, eles sempre vêm até nós. E sempre tocando as mesmas músicas. Não tenho certeza se Roberto Carlos fará o especial de fim de ano na Globo, mas sei que o Iron Maiden retornará ao Brasil daqui a dois ou três anos. Nota do editor Leia também: "O fundamentalismo headbanger". Diogo Salles |
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