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Quarta-feira, 12/3/2008 O Cabotino reloaded Julio Daio Borges Eu há muito tempo estou querendo escrever sobre este livro que andei renegando. Foram quatro anos de auto-desprezo. Por vários motivos. O mais importante deles — e quem é meu leitor há tempos já deve ter percebido isso — é que eu não sou mais aquele autor. Não sou há tempos. Para ser sincero, às vezes me pergunto se era quando pus o ponto-final no livro. Desconfio que não. O mais interessante do livro diz respeito à minha obsessão com a problema da literatura como forma de auto-afirmação social. É um fenômeno extremamente interessante que, acho, ainda não foi estudado a fundo nem por críticos literários nem por antropólogos e psicólogos. É algo tão entranhado nas engrenagens da literatura que a maioria das pessoas sequer o percebe. Lendo a biografia de Joaquim Nabuco, por exemplo, fico abismado com a relação absolutamente simbiótica entre literatura e afirmação social. Penso em, um dia, escrever uma espécie de continuação de O Cabotino. Mas não seria mais um "guia de anti-ajuda", e sim uma autobiografia literária. Acho que vivi algumas coisas extremamente interessantes neste meio e gostaria de deixar estas memórias registradas. Mas antes de fazer isso é preciso estar completamente sereno em relação ao passado como crítico e persona non grata da literatura brasileira. Não falta muito para chegar a este ponto — felizmente. Paulo Polzonoff Jr, que pôs O Cabotino de volta na praça, em PDF. Julio Daio Borges |
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