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Terça-feira, 11/3/2008 Lenny Kravitz paz e amor Diogo Salles Um retorno às raízes muitas vezes é crucial em uma carreira. Depois de saborear o sucesso (e os excessos), é importante um artista fazer uma releitura de si mesmo, nos tempos em que não havia flashes de câmeras nem groupies ― só ele e seu sonho. E, da mesma maneira que essa reviravolta pode revigorá-lo, deixa exposto aquele auge que ficou para trás. It's time for a love revolution, oitavo álbum de estúdio do americano Lenny Kravitz chega para, mais uma vez, comprovar esta tese. Como de costume, ele assume todas as funções no disco. Algumas composições têm a tímida co-autoria do guitarrista Craig Ross (seu parceiro de longa data). Fora isso, é 99% Lenny, como letrista, produtor, arranjador e ainda tocando todos os instrumentos. Depois de algumas incursões na música eletrônica ― algumas bem sucedidas como em 5 (1998) e outras nem tanto, como em Baptism (2004) ― Kravitz volta ao som cru, de batida retrô e mensagens pacifistas, que remetem o ouvinte ao seu primeiro disco, Let love rule (1989). E revisitar-se musicalmente, para Lenny Kravitz, significa ressoar suas maiores influências do classic rock de fins dos anos 1960 e começo dos 70, emulando seus principais heróis. "Bring it on" e "Will you marry me" é Led Zeppelin até a última nota. A influência stoneana aparece em "Dancin' till dawn" e fica praticamente impossível não imaginá-la na voz de Mick Jagger. A mensagem anti-guerra de "Back in Vietnam" evoca Jimi Hendrix e a contracultura hippie. A influência da black music fica evidente na funkeada "Love love love", em que ele soa como um James Brown roqueiro. Aos mais saudosistas It's time for a love revolution agradará, pois muito do que se encontra aqui lembra aquele Lenny Kravitz dos primórdios, porém sem aquela mesma paixão e inspiração, típica de quem está sedento pelo estrelato. Mas, mesmo impossíveis de se reviver completamente, os velhos tempos ainda podem ser festejados. Diogo Salles |
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