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Sexta-feira, 18/4/2008 Tributo a Tim Maia Débora Costa e Silva Fotos: Caio Ferretti Uma noite mágica, cheia de graves, grooves, balanço, graffiti, rap e soul. Como nos bailes black dos anos 70, a platéia, que ficou disposta (injustamente) em mesas, logo transformou o espaço em uma verdadeira pista de dança. Bacanas misturados com manos, salto agulha trombando tênis All Star, black power e chapinhas nas cabeças: fusões de vários estilos. Esse foi o clima do tributo a Tim Maia no HSBC Brasil nesta quarta-feira, comandado pela Banda Black Rio. A organização aproveitou a efeméride de 10 anos da morte do cantor para realizar o evento. Como convidados, compareceram ao palco, para homenagear o mestre da música negra brasileira, Tony Tornado, Paula Lima e Racionais MC's. A abertura contou com uma música instrumental e, depois de algumas canções, tocaram a vinheta que a banda Vitória Régia costumava executar para abrir o show de Tim Maia. Para causar mais emoção no público, o telão exibiu imagens do cantor entrando em um palco, passando pelo backstage, cumprimentando os técnicos, dando a impressão de que em breve ele iria entrar. Cheguei mesmo a me assustar quando a voz que "entrou" na música soou. O pianista, arranjador e produtor William Magalhães tem o timbre e a interpretação vocal bem parecido com as do homenageado. O músico, filho do falecido membro-fundador da banda, Oberdan Magalhães, tem tomado a frente da Black Rio desde 1999, após 15 anos de recesso. A história do conjunto é antiga e seu surgimento é contemporâneo a Tim Maia. Formado em 1976, o grupo carioca tem desde aquela época um repertório de funk que se funde com outros gêneros, como samba, jazz e soul. Ao longo da década de 70, cantor e banda se reuniram diversas vezes para realizar bailes black no subúrbio do Rio. Depois de quatro músicas, a banda chamou ao palco os Racionais MC's. Enquanto Mano Brown realizava as cerimônias e KL Jay aquecia as pick-ups, o artista plástico Aquiles começava a grafitar um painel ao fundo do palco. O clima hip-hop estava instaurado. Até então, eu ainda me concentrava em anotar o nome de cada canção, mas a partir de então, ficou difícil permanecer sentada. E pelo o que observei, não fui a única a deixar a cadeira vazia para dançar... Entre as canções interpretadas pelo grupo de rap, não poderia faltar "Homem na Estrada", um dos grandes sucessos, composto por Brown em 1993. A música usa samples de uma canção de Tim Maia, "Ela partiu", e conta a história de um homem pobre, ex-presidiário, morador da periferia que tenta recomeçar sua vida em sociedade. Criado no final da década de 80, o grupo foi muito influenciado pela obra de Tim Maia e por outros expoentes do soul americano e brasileiro. Ao longo de todo o tributo, os telões exibiam imagens de shows e entrevistas com o homenageado e, enquanto os convidados saíam, os vídeos ganhavam áudio e todos puderam ouvir e relembrar alguns depoimentos do cantor. Em uma das declarações, das mais calorosas e aplaudidas pelo público, Tim Maia defendia a existência de políticos negros no Congresso. O segundo convidado foi chamado após a banda tocar diversas canções da fase Racional do cantor. O antigo amigo de Tim Maia, Tony Tornado, quase não conseguiu cantar de tão emocionado que ficou com a ocasião. Mesmo assim, não se deixou abalar e provou que ainda tem muita energia para fazer todos aqueles passos mirabolantes que dançava nos anos 70. Ele também cantou, aos prantos, a música com que se consagrou no Festival Internacional da Canção em 1970: "BR-3". Por fim, depois da banda executar sucessos como "Sossego", "Primavera" e "Gostava tanto de você", Paula Lima entrou no palco, como sempre, animadíssima, cantando "Réu Confesso" e "Chocolate". Depois de encerrar o espetáculo com "Descobridor dos sete mares", a banda voltou no bis com todos os convidados para tocar "Eu e você" e se despedirem do público, finalizando a belíssima e suingada homenagem feita ao rei do soul brasileiro. Que beleza, salve Tim Maia! Débora Costa e Silva |
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