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Quarta-feira, 14/5/2008 A morte absoluta Julio Daio Borges Morrer. Morrer de corpo e alma. Completamente. Morrer sem deixar o triste despojo da carne, A exangue máscara de cera, Cercada de flores, Que apodrecerão — felizes! — num dia, Banhada de lágrimas Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte. Morrer sem deixar porventura uma alma errante. A caminho do céu? Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu? Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra, A lembrança duma sombra Em nenhum coração, em nenhum pensamento. Em nenhuma epiderme. Morrer tão completamente Que um dia ao lerem o teu nome num papel Perguntem: "Quem foi?..." Morrer mais completamente ainda, — Sem deixar sequer esse nome. Manuel Bandeira, no Casmurro, um blog que eu acabei de descobrir. Julio Daio Borges |
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