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Quinta-feira, 22/5/2008 nosso ópio de cada dia Julio Daio Borges Comecei a escrever meu livro, deixei meus bens para trás, mudei de país, abandonei os rancores, amei minha família, chutei o saco da mesmice, ousei comer uma caixa de bombons, evitei cerveja e preferi Wyborowa, falei mal do meu vizinho com meu melhor amigo, fumei um maço de cigarro em uma semana, cuspi na cara do ladrão, convidei os amigos para me despedir, olhei com cara de desprezo, calei minhas falas aos que não as merecem, escrevi sobre o amor e sobre a esperança, sujei meu rosto de terra vermelha, esbravejei com o ar para evitar o sangue, quebrei meu celular para não gastar energias inválidas, criei um site, uni pessoas, acabei com a territorialidade, fui capa de revista e esqueci de comprar um exemplar, desprezei salários, cortaram meu telefone, beijei sem contar, transei por transar, gozei com o amor, rasguei meu diploma, abracei Drummond, fui vencido por Dostoiévski e me lembrei de Foucault, esperei a lua dormir nos versos de Quintana, fechei os olhos e amanheceu. E ainda me chamaram de bobo? Rodrigo Saturnino, no seu blog, que linca pra nós. Julio Daio Borges |
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