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Sexta-feira, 23/5/2008
Aos meus fracassados
Julio Daio Borges

Eu não entendo um monte de coisas desta minha vida besta, mas pelo menos dou umas boas risadas de mim mesmo. Um dos traços do meu eu — que ainda não consegui explicar — é o meu estranho gosto por fracassados. Sim, adoro ver o quanto o ser humano pode ser desgraçadamente patético. Quanto mais ridículo, mais derrotado, mais humilhante, melhor.[...]

O fato é que a internet, meus caros, fornece um vasto material, se quisermos nos deliciar com o derrotismo e as lamúrias alheias. Antes de inventarem a internet banda larga, era preciso conviver com esses fracassados pessoalmente, para experimentar o prazer da derrota do outro. Agora, não. Como a pizza e esfirra delivery do Habib's, você pode encomendar boas risadas com apenas um clique — tudo muito rápido, limpo, seguro e, acima de tudo, bem menos desgastante.

O prazer sentido com a falta de bom senso das pessoas é algo que não se explica racionalmente, talvez. Mas, sem dúvida, não sou o único a tê-lo. Basta ver o sucesso que fazem sites como o Pérolas do Orkut. Aliás, o orkut é por assim dizer a minha perdição: é quase impossível não achar diariamente um profile lamentável, uma "fotinha" deprimente, um comentário boçal em alguma comunidade. Há também os fotologs.[...]

E atenção: isto não é um texto direcionado a alguém especificamente. Na verdade, este post é uma espécie de ode a todos vocês, fracassados-que-me-fazem-tão-feliz! Sim, é bom explicar, porque fracassados adoram: 1) achar que qualquer post ou comentário do mundo foi direcionado a eles (síndrome de perseguição, diriam os psicólogos da nossa querida Estácio de Sá...); 2) dar respostas via profiles de orkut, fotologs, blogs...

Rafael Costa, no seu blog, que linca pra nós.

Julio Daio Borges
23/5/2008 à 00h58

 

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