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Quarta-feira, 20/8/2008
Vermelho Escarlate
Julio Daio Borges

Antes de sair da casa do meu pai, eu tive um casinho com um cara problemático. Ele me ligava todos os dias e me contava suas mazelas. O cachorro que estava doente, o céu que estava cinza e chuvoso, o emprego sem graça, o livro que havia perdido no ônibus, o vinho sujo e barato.

Inventei várias desculpas para não atender ao telefone. Inventei várias cólicas e dores de cabeça para não precisar sair com ele. Mas a culpa era minha.

Eu estendi minha mão, braços e pernas quando ele estava mal. Emprestei meu colo, meus ouvidos e minha paciência e meu jeito de "mulher compreensiva e terna". Aí deu nisso: um chiclete ― e dos mais vagabundos.

Às vezes até que ele era legal. Ou era o meu humor e as garrafas de vinho que faziam com que tudo fosse lindo e suportável. Não sei...

Depois de um tempo ele sumiu por aí.

Larissa, no seu blog, que linca pra nós.

Julio Daio Borges
20/8/2008 à 00h31

 

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