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Terça-feira, 26/8/2008 Raridades paulistanas Elisa Andrade Buzzo foto: Sissy Eiko O cenário é simples, uma mesa velha, algumas cadeiras, lençóis, uma samambaia... E o público fica em volta, próximo daquela narração ao mesmo tempo encenada. Os atores encaram com sutileza a platéia, e não é difícil ver os olhos cheios de lágrimas de muitos, co-autores daquela nova história. Qual não foi minha surpresa ao receber o convite da fotógrafa Sissy Eiko para ir até a Vila Maria Zélia, recanto paulistano fincado na Zona Leste, e conferir a peça Dias raros. O grupo Teatro da Travessa, formado por quatro jovens atores, Francisco Wagner, Lígia Borges, Paulo Arcuri e Roberta Stein, interpreta com naturalidade a adaptação de contos retirados dos livros Dias raros e Duas tardes, do escritor paulista João Anzanello Carrascoza. Num estilo sutil e poético, abordando diversas relações familiares, e a um só tempo com uma unidade bordada pelo delicado, pela superação ou pela desilusão, os contos de Dias raros são um capítulo à parte. Obra que encanta pelo singelo, pela finura com que reconhece e esmiúça tênues momentos entre pai e filho, irmãos e, como não poderia faltar, das desventuras amorosas. O local de apresentação da peça, que tem orientação cênica de Luiz Fernando Marques, também é uma raridade que superou o tempo e vai começar a ser restaurada neste ano. A Vila Maria Zélia é como uma cidade em miniatura, palco de gravações de filmes a peças de publicidade. Com mais de 200 casas, ela é a primeira vila operária do Brasil e terminou de ser construída em 1917, idealizada pelo industrial Jorge Street. Assim, é num dos galpões do antigo boticário desta cidade dentro de uma outra cidade que a peça é encenada. E onde também é possível conhecer um pouco da história da vila, com fotos e textos informativos. Dias raros fica por lá até 31 de agosto, sempre aos sábados e domingos. As reservas podem ser feitas com Lígia Borges pelo número (11) 7408-5152. Elisa Andrade Buzzo |
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