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Sexta-feira, 29/8/2008 O poeta, de Vinicius de Moraes Julio Daio Borges A vida do poeta tem um ritmo diferente É um contínuo de dor angustiante. O poeta é o destinado do sofrimento Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza E a sua alma é uma parcela do infinito distante O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende. Ele é o etemo errante dos caminhos Que vai, pisando a terra e olhando o céu Preso pelos extremos intangíveis Clareando como um raio de sol a paisagem da vida. O poeta tem o coração claro das aves E a sensibilidade das crianças. O poeta chora. Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes Olhando o espaço imenso da sua alma. O poeta sorri. Sorri à vida e à beleza e à amizade Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam. O poeta é bom. Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras Sua alma as compreende na luz e na lama Ele é cheio de amor para as coisas da vida E é cheio de respeito para as coisas da morte. O poeta não teme a morte. Seu espírito penetra a sua visão silenciosa E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério. A sua poesia é a razão da sua existência Ela o faz puro e grande e nobre E o consola da dor e o consola da angústia. A vida do poeta tem um ritmo diferente Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis. Vinicius de Moraes, aos 20 anos, em O Caminho para a Distância. Julio Daio Borges |
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