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Quinta-feira, 28/8/2008
Balangandãs de Ná Ozzetti
Débora Costa e Silva

Sem frutas no cabelo, colares extravagantes e saia rodada, mas portando pulseiras coloridas, sapatos vermelhos e vestido preto, Ná Ozzetti revisita o universo de Carmen Miranda no show Balangandãs à sua maneira: delicada e sofisticada. Em parceria com os músicos Dante Ozzetti (violão), Mário Manga (guitarra, violão tenor e violoncelo), Zé Alexandre Carvalho (contrabaixo acústico) e Sérgio Reze (bateria e percussão) ― que entram no clima vestindo camisetas listradas à là Bando da Lua ― a cantora montou um repertório de 20 canções que refletem momentos diversos da trajetória musical da pequena notável para mostrar a riqueza das composições e dar sua interpretação a elas. Como na época em que integrava o Grupo Rumo, nos anos 80, a paulistana divulga o trabalho de uma artista antiga, que interpretou composições de grande riqueza musical, valorizando essas obras e ressaltando as influências que Carmen gerou na música brasileira.

A "baiana" (que na verdade era portuguesa) influenciou muito a própria Ná em sua forma de cantar. No show, isso fica evidente nos vocalizes agudos e nas interpretações despojadas, cênicas e divertidas que a cantora faz em músicas como "Fon Fon" (Braguinha/Alberto Ribeiro), "O chattanooga choo-choo" (Harry Warren), "Adeus batucada" (Sinval Silva), "Na batucada da vida" e "Boneca de Piche" (ambas de Ary Barroso), sendo que as três últimas já haviam sido cantadas por Ná em outras ocasiões. A partir da canção "Diz que tem" (Vicente Paiva/Hanibal Cruz), os músicos fazem também backing vocal, dando mais corpo às músicas e "colorindo" ainda mais o show. A utilização da guitarra em "E o mundo não se acabou" (Assis Valente) e "O tic-tac do meu coração" (Valfrido Silva/Alcyr Pires Vermelho), por exemplo, deu uma cara mais moderna e sofisticada às canções, sem empobrecer clássicas marchinhas e sambas transformando-as em pop. Pelo contrário: os arranjos só ajudaram a destacar a beleza das melodias e harmonias. A dinâmica feita pela percussão incrementa ainda mais as releituras, mantendo o show no ponto ideal entre o samba intimista e o suingado.

Ná não deixa de cantar também grandes sucessos como "Tico-tico no fubá" (Zequinha de Abreu), "Tahi" (Joubert de Carvalho) e a marcante "Disseram que voltei americanizada" (Luiz Peixoto/Vicente Paiva), que retrata o momento em que Carmen foi muito criticada pela mídia brasileira, por ter vivido um longo período nos Estados Unidos. Balangandãs passou por Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e agora está em São Paulo, em cartaz no Teatro Fecap, até dia 31 de agosto.

Para ir além
Teatro Fecap

Débora Costa e Silva
28/8/2008 às 19h57

 

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