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Terça-feira, 9/9/2008 Pastelaria, de Mário Cesariny Julio Daio Borges Afinal o que importa não é a literatura nem a crítica de arte nem a câmara escura Afinal o que importa não é bem o negócio nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio Afinal o que importa não é ser novo e galante ― ele há tanta maneira de compor uma estante Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício Não é verdade rapaz? E amanhã há bola antes de haver cinema madame blanche e parola Que afinal o que importa não é haver gente com fome porque assim como assim ainda há muita gente que come Que afinal o que importa é não ter medo de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente: Gerente! Este leite está azedo! Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo à saída da pastelaria, e lá fora ― ah, lá fora! ― rir de tudo No riso admirável de quem sabe e gosta ter lavados e muitos dentes brancos à mostra Mário Cesariny, dica do Островок, νησάκι, isolotto, islote, islet, ilhota!, que linca pra nós. Julio Daio Borges |
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