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Quarta-feira, 10/9/2008 Parece filme, mas é a vida Julio Daio Borges Eu acordei dominando a cama toda, esparramada, totalmente em revolta por dormir sozinha, talvez comemorando a minha liberdade. Acordei meio triste pra não me cansar sendo feliz o tempo todo, e isso me trouxe uma alegria deprimente. Tomei um banho demorado, já que estava com pressa, e li o jornal inteiro de ontem (também estou atrasada nisso), achei tempo ainda de tirar mais uma soneca, um dia essa pressa me mata... Cheguei no escritório a pé, porque estava muito sem trânsito, não vi necessidade em usar o carro. O elevador chegou umas dez vezes, mas eu fiquei esperando juntar mais gente pra não subir sozinha. Não conversei com ninguém. Como tava calor, eu desliguei o ar condicionado e coloquei meu casaco, transpirei de frio o resto da manhã. Combinei de almoçar com umas pessoas que dei o cano, e atendi umas outras duas amigas que berravam alô compulsivamente enquanto eu permanecia muda do outro lado da linha. Decidi que era hora de começar o regime, então pedi um sorvete de brigadeiro, logo 12h00, depois eu marco com o meu personal, roubo na contagem e me convenço de que estou perdendo peso e ganhando músculo. Saí pra almoçar e acabei jantando, foi um jantar bem rápido levando em conta de que eu já tinha comido a sobremesa. Pedi frango com linguine na manteiga, e fiquei arrotando frutos do mar por horas. Como estava com muito sono pedi meu café descafeinado, mexi e depois coloquei açúcar. Pedi a conta e resolveram chamar a policia quando eu paguei com o troco e embolsei o dinheiro. Ofereci meu celular, pois estava sem crédito. A policia chegou e me pediu identidade, já fui logo dando os três baseados prontos pra ver que sou moça direita, que não mereço ir pra cadeia, e depois de chorar copiosamente eles me deixaram entrar na viatura, mas só depois que eu insisti muito! Entendi que tudo que eu dissesse seria usado contra mim, e vi que estava ferrada, pois soltei o verbo. Achei cansativo o papo de que estava desrespeitando homens da lei, os mandei à merda com muita gentileza. Chegando na delegacia, dei meu endereço pra um assaltante, pisquei pro tarado sexual, e fiquei conversando com o traveco ao lado sobre depilação no buço. O delegado estava em choque, olhava pra mim pasmo e trêmulo enquanto eu ia me despindo e cantando um hino gospel, o que ele esperava de uma judia puritana como eu? "Daqui a pouco é aniversário de Jesus", ainda tentei puxar assunto... Não sei onde esse mundo vai parar, as pessoas parecem não me entender. Camila Fremder, no seu blog, uma dica da nanielas (via Twitter). Julio Daio Borges |
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