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Sexta-feira, 24/10/2008 A Mário de Andrade ausente Julio Daio Borges Anunciaram que você morreu. Meus olhos, meus ouvidos testemunham: A alma profunda, não. Por isso não sinto agora sua falta. Sei bem que ela virá (pela força persuasiva do tempo) Virá súbito um dia, Inadvertida para os demais. Por exemplo assim: À mesa conversarão de uma coisa e outra. Uma palavra lançada à toa Baterá na franja dos lutos de sangue, Alguém perguntará em que estou pensando, Sorrirei sem dizer que em você Profundamente. Mas agora não sinto a sua falta (É sempre assim quando o ausente Partiu sem se despedir: Você não se despediu.) Você não morreu: ausentou-se. Direi: Faz tempo que ele não escreve Irei a São Paulo: você não virá ao meu hotel. Imaginarei: Está na chacrinha de São Roque. Saberei que não, você ausentou-se. Para outra vida? A vida é uma só. A sua continua Na vida que você viveu. Por isso não sinto agora a sua falta. Manuel Bandeira, no E cinco espinhos são em nossas mãos, cuja titular Comenta aqui. Julio Daio Borges |
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