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Sexta-feira, 31/10/2008 Asia de volta ao mapa Diogo Salles O Asia foi uma das mais bem-sucedidas bandas do início dos anos 1980. Hits como "Only time will tell" e "Heat of the moment" definiram o pop rock da época, sendo muito usados em eventos esportivos nos EUA e até figurando em propagandas de cigarros. Após o segundo álbum Alpha (1983) a banda foi se modificando e perdendo a identidade. A despeito da entrada de músicos competentes, a banda sobreviveu nas duas décadas subseqüentes amargando a obscuridade. Até que, em 2006, os quatro membros originais ― e obviamente, os melhores ―, se reuniram para uma bem-sucedida turnê, que passou pelo Brasil no ano passado. Agora, o Asia volta ao mapa com Phoenix, o novo CD de inéditas. O disco abre com "Never again", que segue o rastro de "Heat of the moment". A sequência com "Nothing's forever" mostra o peculiar pop rock que consagrou a banda, assim como em "Shadow of a doubt". O telhado de vidro mostra suas rachaduras com baladas demasiadamente açucaradas como "Heroine" e "I will remeber you". Em se tratando de Asia, a face progressiva é sempre a parte mais esperada. E ela aparece em duas suítes, não tão longas quanto às que se fazia nos anos 1970, mostrando a banda em seus momentos mais inspirados. É o melhor material do disco. "Sleeping Giant / No way back / Reprise" é épica, climática e leva a assinatura de Geoff Downes. "Parallel Worlds / Vortex / Deya" vai além: começa melódica, fica virtuosa e termina melancólica, com Steve Howe dando uma aula no violão clássico. Howe também dá sua contribuição com "Wish I'd known all along", a faixa que mais se assemelha aos seus últimos trabalhos com o Yes. O álbum fecha com "An extraordinary life" trazendo uma história que quase acaba em tragédia. Durante a gravação do álbum, o vocalista/baixista John Wetton sofreu um grave problema coronário e a letra fala da experiência "entre a vida e a morte", deixando uma mensagem no final: carpe diem. Se comercialmente já não é mais possível igualar a façanha do primeiro disco, musicalmente, a banda teve o mérito de voltar no tempo trazendo todos os elementos que caracterizam o som clássico da banda, sem, contanto, soar ultrapassado. No fim, qualquer fã de progressivo e tecnopop espera que, para o Asia, a vida seja mesmo extraordinária e que Phoenix seja apenas um recomeço. Diogo Salles |
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