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Quarta-feira, 27/11/2002
Esperando sentado
Eduardo Carvalho

Trechos selecionados, aleatoriamente, de resenhas e sinopses no Estadão:

Como Nascem os anjos (Brasil, 1996) Favelado mata acidentalmente o chefe do tráfico no morro e foge com a ajuda de casal de garotos Branquinha e Japa. O trio invade a casa de um americano na Barra e termina sitiada pela polícia. Fotógrafo e diretor dos mais importantes do cinema brasileiro, Murilo Salles antecipou aqui uma tendência que prosseguiu com o supervalorizado O Invasor, de Betto Brant, sobre a periferia que ameaça, com sua simples presença, a ordem estabelecida do centro do poder.

O Invasor (Brasil) Isso vem representado, metaforicamente, na história do assassino profissional contratado por uma dupla para matar o sócio deles numa empresa construtora. O cara executa a função, mas logo em seguida instala-se na firma, levando pânico principalmente ao mais fraco, emocionalmente, dos homens que o contrataram. Para complicar, o invasor inicia uma relação de sexo com a filha da vítima, que só vai consolidando seu poder de desestabilização de uma certa ordem estabelecida.

Cidade de Deus (Brasil, 2002) Tendo como pano de fundo o problema da miséria, violência e exclusão social, narra a história de Buscapé, jovem negro e pobre, que descobre na fotografia uma maneira de fugir do destino trágico.

Madame Satã (Brasil-França, 2002) A história de vida de João Francisco dos Santos, malandro, artista, presidiário, pai adotivo, preto, pobre o homossexual. E, após sofre de tudo e amargar dez anos de prisão, consegue se sentir realizado ao criar seu personagem Madame Satã, famoso na noite do Rio de Janeiro dos anos 30 e 40.

Bah, bah, bah. Eu já estou extremamente cansado. É difícil perceber que esse estilo de filme, em vez ameaçar uma ordem supostamente estabelecida, apenas segue uma fórmula fácil e consagrada? Os críticos, muitos pagos e fracos, repetem orientações de assessorias de imprensa; e o público médio, que quer sempre parecer inteligente e "consciente", tem dificuldade para assumir que simplesmente não gostou. Pois eu não gostei e não estou gostando. Não vou ao cinema para receber porrada na cara - nem acho que alguém fica mais sensível e "consciente" por causa disso. Já passou da hora dessa criatividade propagandeada fazer algo realmente novo aparecer. Eu estou esperando, sentado. E prometo que avisarei quando chegar.

Eduardo Carvalho
27/11/2002 às 12h45

 

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