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Domingo, 15/12/2002
Balanço Contábil
Eduardo Carvalho

Reparo na estante de livros lidos neste ano. 32, aproximadamente - incluindo os emprestados, de amigos e bibliotecas, e excluindo os que simplesmente não compensa citar. É pouco. O ideal é que se leia em torno de 40 e 50 livros de umas 300 páginas, pelo menos. Dispenso, claro, as baboseiras didáticas, que nós, estudantes, somos obrigados a engolir em quantidade assustadora.

Reconheço, naturalmente, a necessidade e a conveniência desses livros; mas não posso deixar de assumir: são um saco. Não ensinam a escrever e endurecem o espírito. E ocupam, no meu caso, mais ou menos o mesmo tempo que dedico à leitura agradável. Não entendo, mesmo assim, a desculpa comum de que, como "tenho que ler muito para a escola, não arrumo tempo para ler o que gostaria". Pois para mim é o contrário: quanto mais leio Statistics for Business and Economics ou Financial for Business and Administration, mais preciso ler livros escritos por seres humanos.

A lista abaixo, portanto, foi composta exclusivamente por mim. Com recomendações de amigos, mas com um único objetivo: ocupar meus momentos de lazer. Que, infelizmente, têm sido poucos, ultimamente. E dei a cada um uma nota, baseada na seguinte escala, se é que me entendem: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis - 10; O sucesso é ser feliz, Roberto Shinyashiki - 0. Ou seja: 10 - livros que um brasileiro civilizado não pode morrer sem ler; e 0 - livros que um brasileiro civilizado prefere morrer antes de ler.

Mas, fora de ordem cronológica, foi assim:

Letters to a Young Contrarian, Christopher Hitchens - 7

Short Stories, Oscar Wilde - 10

De Profundis, Oscar Wilde - 10

Short Stories, Jack London - 8,5

Hunter, J. A. Hunter- 7

Alice's Adventures in Wonderland and Through the Looking Glass, Lewis Carroll - 10

Com o Diabo no Corpo e O baile do conde d'Orgel, Raymond Radiguet - 10

Cartas a um jovem poeta, Rainer Maria Rilke - 10

Groucho e eu, Groucho Marx - 6

A coisa não-Deus, Alexandre Soares Silva - 7

200 crônicas escolhidas, Rubem Braga - 8

Lado B, Sérgio Augusto - 7,5

O caminho da servidão, F. A Hayek - 10

Visão do Jogo, José Moraes dos Santos Neto - 5

Hiroshima, John Hersey - 8,5

Contra o Brasil, Diogo Mainardi - 7

Amor de Perdição, Camilo Castelo Branco - 8

Ficar ou não ficar, Tom Wolfe - 8

O Brasil e o Dilema da Globalização, Rubens Ricupero - 6

Um estudo em vermelho, Conan Doyle - 6

Recordações do escrivão Isaías Caminha, Lima Barreto - 7

Como ser legal, Nick Horby - 6,5

High Fidelity, Nick Horby - 6,5

Saudades do século 20, Ruy Castro - 6,5

Aqui está Nova York, E. B. White - 7

The Years with Ross, James Thurber - 6,5

O diário de H. L. Mencken, H. L. Mencken - 7

Literatura e vida literária, Álvaro Lins - 7

Serpente, Rex Stout - 7

Cozinheiros Demais, Rex Stout -7

Flor de obsessão, Nelson Rodrigues - 6

Tales of the Sea, Joseph Conrad - 10

Somando todos os pontos e dividindo pelo total de livros, minha nota final de 2002 é, então, 8,10. Entusiasmante.

Eduardo Carvalho
15/12/2002 às 11h55

 

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