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Sábado, 8/5/2010
Cinema brasileiro na Holanda
Tatiana Mota

Uma festa de imagens, sons e sabores de continentes distantes: esta seria a maneira mais óbvia de descrever o Festival de Cinema Latino-Americano em Utrecht, Holanda. Poderíamos melhor dizer que o Festival trata de apresentar ao público neerlandês e à comunidade latina aqui residente as últimas novidades do cinema produzido pelos países latino-americanos. Sediado em uma charmosa cidade de origens medievais mas cheia da energia jovem dos universitários que aqui vivem, Utrecht possui um aconchegante cinema de arte, o Louis Hartloper Complex, que será a sede do evento, que começou no último dia 06 e vai até 14 de maio.

Iniciativa bastante recente, o festival está em sua 6ª edição, mas vem atraindo bastante público, contando com mais de 12 mil pessoas em sua última edição. Os debates acontecem em torno de temas ligados não só ao cinema, mas relacionados também com vários assuntos que pulsam no dia a dia da América Latina e da Holanda, como questões sociais e políticas.

A organização do festival é bastante enxuta, se comparada, por exemplo, ao mega Festival de Cinema de Rotterdam, ocorrido em fevereiro. Presente na reunião com os trabalhadores do festival pude notar a pequena equipe é formada por pessoas com vários "backgrounds", que tiram seus uniformes de escritório para literalmente vestir a camisa do evento e cozinhar ou buscar um convidado no aeroporto. Assim, é impressionante observar que o programa contém, além dos filmes e debates, várias apresentações culturais, ambientes como um "cocktail bar" com DJ, programas educativos para os pequenos, aulas relacionadas à cultura latina e sessões de cinema que se espalharão pelo país durante o ano com um sistema de projeção móvel.

A sustentabilidade é um destaque aqui, pois, além da já corriqueira compensação pela emissão de CO2, há várias outras iniciativas que serão implementadas em convênio com a prefeitura da cidade. Desde pequenos detalhes como o uniforme dos voluntários e os alimentos servidos até a energia solar que sustenta inteiramente o sistema de projeção itinerante, tudo foi pensado com preocupação ambiental.

Mas vamos ao que interessa: que filmes serão apresentados? Há várias produções brasileiras em exibição este ano, com destaque para Os famosos e os Duendes da Morte, longa de estreia do promissor Esmir Filho, filme que abre o festival, e os documentários produzidos por José Padilha, Garapa e Secrets of the Tribe (Segredos da Tribo). Outros filmes interessantes aparecem no programa, como Contracorriente, triângulo amoroso não convencional dirigido por Javier F. Leóndo do Peru; o filme mexicano de Pedro Gonzales-Rubio, Alamar, um olhar sobre a relação pai-filho; e o drama social Dreaming Nicarágua (Sonhando a Nicarágua), documentário do diretor argentino Marcelo Bukin.

Ao olhar para o programa exibido no site, tenho a impressão de que a produção latino-americana foi muito bem acolhida e representada pelo festival. Infelizmente o conteúdo está em inglês ou holandês, mas os filmes estão em seus títulos originais, então é possível ter uma ideia do que será visto aqui nos Países Baixos. Agora sigo para meu primeiro turno de voluntária com muito orgulho de nosso cinema sendo aqui destacado e apreciado.

Para ir além
Festival de Cinema Latino-Americano.

Tatiana Mota
8/5/2010 às 16h23

 

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