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Sexta-feira, 20/8/2010 Autores & Ideias no Sesc-PR II Julio Daio Borges * (Começou aqui...) Foi "pauleira" a volta para São Paulo, com um jogo da seleção na sexta, 25 (contra Portugal) e outro na segunda, 28 (contra o Chile). Claro que estive on-line no Paraná, mas há sempre coisas para se resolver no escritório (de que a internet simplesmente não dá conta). Trabalhei, em resumo, na segunda, porque desembarquei na sexta à tarde e só consegui ir para casa (em meio ao trânsito da nossa vitória, chocha, contra Portugal). Cascavel, 29/6, terça-feira — O acesso a Cascavel se dá por Curitiba. Segui para a capital do Paraná basicamente no primeiro horário. Assim, madruguei — só que fui mais esperto, dessa vez, com a mala. Segui o exemplo do Cardoso e não despachei bagagem, fiz check-in automático, em Congonhas. Encontrei meu colega de mesa na sala de espera, já em Curitiba, enquanto ele terminava um livro da Cosac Naify, que resenharia mais tarde. * Pegamos um aviãozinho de hélice, mas o Cardoso achou o serviço de bordo melhor do que qualquer outro. O aeroporto de Cascavel me lembrou o de cidades pequenas na Bolívia e até no Marrocos. Era, praticamente, um corredor, onde a distância entre "desembarque" e "embarque" não era grande, de modo que o fluxo de pessoas podia se misturar. A delicada Lysiane Baldo, nossa anfitriã em Cascavel, chegou logo em seguida, no carro do Sesc-PR. * O hotel, Harbor Self, era da mesma cadeia de Londrina — e oferecia a melhor conexão de internet em toda a viagem. Como o tempo — nas nossas cidades — havia sido escasso, tínhamos coisas a fazer on-line. Portanto, almoçamos cada um por sua conta, liberando, inclusive, a Lysiane. Me esbaldei com um filé à parmegiana, no restaurante quase deserto do hotel, enquanto Paraguai e Japão disputavam uma vaga nos pênaltis. Ainda deu tempo de escrever sobre "internet e ensaísmo" e de ver um pouco de Espanha e Portugal (#fail). Ouça o áudio da nossa mesa no Sesc de Cascavel * O Sesc propriamente dito era pequenininho, mas nos brindou com a plateia mais interativa da turnê paranaense. A mediadora, Vera Ferreira Leite, que acabou ficando nossa amiga, estava preocupada com as perguntas e pediu sugestões quanto ao direcionamento. Como o público não era tão numeroso, sugeri uma abertura, desde o começo, para as perguntas — e para tudo que as pessoas quisessem saber... Nos bastidores, igualmente, conheci a Tere Tavares, uma leitora fiel do Digestivo, comentadora de longa data, que, inclusive, trouxe seus comentários impressos para me mostrar. Adorei. E ganhei um livro dela (como se não bastasse, tínhamos um amigo em comum: o Erwin Maack). * A Vera preparou uma apresentação minha em cima de dados que eu havia fornecido para uma coletânea de que participei anos atrás. Mais uma vez a "eternidade" da internet: os dados, sobre nós, nem sempre são os mais atualizados, mas, em pesquisas na rede, isso não fica muito claro. E, na hora de corrigir, é você "contra" a internet ;-( * A provocação, da Vera — de que eu deveria publicar um livro —, acabou induzindo a escolha do assunto naquela noite: literatura. Escassas perguntas sobre internet e comunicação. As pessoas queriam saber, por exemplo, onde encontrar boas "referências" — já que "todo mundo" publica e existe cada vez menos gente disposta a "filtrar". Eu indiquei o Sérgio Rodrigues. Depois, queriam saber, também, porque a poesia era tão desprezada como gênero... Eu sugeri que talvez ela tivesse sido ofuscada pelas letras de canções de música popular. Aquela plateia só de interessados constantemente nos desafiava ;-) Um registro incipiente da plateia (by Cardoso) * A Lysiane e a Vera, depois do evento, nos levaram a uma choperia, onde comemos pizza, e o tema da conversa foi, de novo, relacionamentos. Como os papéis (de homens e mulheres) mudaram — e alguns se inverteram — etc. A Vera estava aliviada, passada a mediação, e se revelou bem articulada, falando de Bauman e dos tais "amores líquidos". Esqueci de dizer a ela que um dos textos mais longevos do Digestivo é justamente um, da Gioconda Bordon, resenhando esse livro. Depois vieram uma porção de outros volumes "líquidos" de Bauman, mas essa ideia do "amor" talvez justifique — mesmo — muitos comportamentos atuais, pós-fragmentação da vida, da personalidade... e, claro, dos relacionamentos. Pato Branco, 30/6, quarta-feira — Para a última cidade da nossa turnê, seguimos de van, com motorista e tudo. Pato Branco não era longe de Cascavel, mas a viagem demorou, porque só havia uma pista, disponível, na estrada (a outra estava em obras). Já em Pato Branco, as pessoas confundiam o Sesc com o Sesi e demos algumas voltas no quarteirão. O Cardoso enviou um SMS para os Daniéis (Galera e Pellizzari), e eles responderam que haviam se perdido, igualmente, em Pato Branco. * Quando o Sesc se revelou, contudo, foi o mais impressionante de todos. Era novo, tinha menos de um ano, e era enorme. Um estacionamento amplo, uma entrada com passarela, biblioteca convidativa, muitas salas, incrível anfiteatro, mais de um andar e, atrás, um ginásio coberto digno das Olimpíadas de 2016 (se o Rio não conseguir se aprontar...). O Daniel Momoli, nosso anfitrião em Pato Branco, era, como seus predecessores, afável, e nos levou para almoçar. * O hotel, San Pietro, era mais central, como o de Maringá. O quarto me pareceu o mais bem planejado — pequeno, mas com tudo o que era necessário. Internet 100%, mais uma vez. Revisei e despachei, finalmente, meu texto sobre ensaísmo na Web. Em seguida, assisti a um documentário sobre o cinema de John Ford. Era tão bonito, com a narração de Orson Welles, que até chorei — lembrando da minha família ("família" é um valor importante para o cinema de Ford). Também forneciam depoimentos: Spielberg, Clint Eastwood, Scorsese, e atores como John Wayne e Maureen O'Hara. O roteiro era de Peter Bogdanovitch. * Na volta para o Sesc, conhecemos o Neri Schneider, diretor dessa nova unidade de Pato Branco. Um veterano do Sesc da Esquina, muito simpático, que nos falou do desafio de atrair o público, atendendo a vários municípios próximos. Nossa mesa foi naquele "super anfiteatro", sendo que, no camarim, um verdadeiro banquete nos esperava. Não deu tempo de comer nem a metade, junto com o mediador, o Leo, pois Daniel já nos anunciava... O camarim em registro do Cardoso * Entramos um a um, como em Maringá. O auditório estava praticamente lotado e a maioria era "jovem", como em Londrina. Eu ficava pensando em como não entediar aqueles estudantes e procurava recordar o estudante que fui (na mesma idade). Tentei não ser muito técnico, mas um veterano de internet — escondido no meio dos colegiais — quase me corrigiu, quando comentei da Amazon apagando um título do Orwell no Kindle de alguns leitores... * O sujeito havia lido o CardosOnline há quase uma década, citou o Spamzine, do Inagaki, e poderia ter subido no palco, tranquilamente, para discutir conosco. Jamais esperaríamos isso em Pato Branco (que imagináramos, erroneamente, ser o local menos "globalizado" que iríamos visitar). Graças a ele — de quem, infelizmente, não lembro o nome —, a juventude se soltou e começou a perguntar. Também alguns professores. Com essa participação, tivemos certeza de que o evento havia funcionado ;-) Ouça o áudio da nossa mesa no Sesc de Pato Branco * Encerramos a noite com um jantar num "pizza & grill", a convite do Daniel — embora não restasse muito de fome, após um camarim tão farto ;-) O dia seguinte foi da longa viagem de volta. Primeiro, para Cascavel. Depois, para Curitiba. Por fim, para São Paulo. E o Cardoso ainda teria de esperar, em São Paulo, para ir até Porto Alegre. Quase perdi o embarque em Curitiba (tive de implorar para fazer o check-in — o sistema havia caído...). No desespero de entrar no avião, quase não consegui dar um último abraço no Cardoso e desejar-lhe tudo de bom... E o Sesc foi, mais uma vez, impecável, pagando o nosso cachê no dia seguinte, sem atrasos ;-) Julio Daio Borges |
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