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Sexta-feira, 1/4/2005 Romance breve Julio Daio Borges Loucura, meu senhor, é um homem entrar em seu bar predileto e dar de cara com a ex-mulher, aos beijos com um novo amor. Com o músico da casa cantando Lupicínio, você sabe o que é ter um amor, meu senhor, ter loucura por uma mulher. Quis voltar atrás, mas não ia dar esse gostinho a ela. Sentou-se num canto, pediu uma vodca. Cadela. Olha lá, se arreganhando toda. Troca de macho como quem troca de calcinha. Um condomínio sexual. Ali mesmo, num outro canto, tinha mais um dos ex-machos dela, o tal argentino Fabián, fotógrafo de publicidade, picareta metido a artista, dando em cima duma patricinha com idade para ser filha dele. Três vodcas depois, o cantor martelando "Quereres", de Caetano, ele levantou-se e caminhou, ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor, em direção à mesa de Fabián. Vacilando nas pernas, sacudiu o dedo e salivou: Você é um canalha. Banca o sensível só pra comer as mulheres. Mas é um safado, um filho da puta. Você não ama ninguém. Você jamais seria capaz de amar aquela mulher como eu amei. O porra do argentino fez que nem ouviu. Continou conversando tranqüilamente com a garota. Dois garçons puxaram o inoportuno pelos braços, dizendo-lhe para retirar-se. A cadela e o novo macho-alfa levantaram-se para ir embora. Ela não queria assistir ao vexame. Ele agiu rápido. Deu um soco no garçom mais alto e mais forte. Tomou o troco. Seu nariz espirrou sangue. Maldição. Teria que cancelar o compromisso do dia seguinte. Tirar fotos para a capa de seu disco novo. Luiz Roberto Guedes, também no Rascunho. Julio Daio Borges |
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