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Quarta-feira, 14/11/2012 Nelson Rodrigues sobre Telê Diogo Salles Nelson Rodrigues, no traço de Baptistão Dois dos maiores gênios que esse país já viu torcem para o mesmo time: o Fluminense. Telê Santana, o apóstolo do futebol bem jogado e sem pontapés, e Nelson Rodrigues, o Pelé da crônica. Não deve ser coincidência. Assim como também não deve ter sido coincidência o fato de que, enquanto o tricolor carioca faturava mais um título nacional, eu finalizava a leitura de O Berro Impresso das Manchetes e uma crônica uniu esses dois ilustres torcedores. Portanto, é justo que eu deixe aqui com vocês ― amantes do futebol, da literatura e do papo de botequim ―, um trecho de uma crônica do Nelson em que ele fala sobre o Telê (quando este ainda era jogador) depois da conquista do Rio-São Paulo de 1957 em cima da Portuguesa. "Três! Era o título que conquistávamos diante do Pacaembu atônito. Foi um delírio. Cada tricolor pulava, no gramado, como índio de fita de cinema. E eu, aqui, pensava em Telê. Foi um dos maiores construtores de nossa vitória. Jogou uma barbaridade, e cabe a pergunta: quando é que Telê não joga uma barbaridade? Os outros variam muito. Jogam bem um dia, enterram no outro. Telê, não: é o imutável. Ou por outra: só muda para melhorar. E só não tem uma posição ainda mais alta no futebol brasileiro, porque temos o hábito de vê-lo dar tudo, sempre. Em campo, é, como eu sempre tenho dito, um barqueiro do Volga, capaz de puxar o resto do time, se for preciso. Está na defesa, no ataque, na meia-cancha. Essa máquina de ação, de trabalho, de dinamismo chega a assustar. E se, desta vez, não o chamarem para o escrete, é o fim, amigo, é o fim!" Nelson Rodrigues - 8/6/1957 Diogo Salles |
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