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Segunda-feira, 25/2/2013 Pornografia Ricardo de Mattos Opinião sobre a Pornografia, por Wislawa Szymborska* Fonte: http://readanywhere.tumblr.com Não há devassidão maior que o pensamento. Essa diabrura prolifera como erva daninha Num canteiro demarcado para margaridas. Para aqueles que pensam, nada é sagrado. O topete de chamar as coisas pelos nomes, A dissolução da análise, a impudicícia da síntese, A perseguição selvagem e debochada dos fatos nus, O tatear indecente dos temas delicados, A desova das ideias - é disso que eles gostam. À luz do dia ou na escuridão da noite Se juntam aos pares, triângulos e círculos. Pouco importa ali o sexo e a idade dos parceiros. Seus olhos brilham, as faces queimam. Um amigo desvirtua o outro. Filhas depravadas degeneram o pai. O irmão leva a irmã mais nova para o mau caminho. Preferem o sabor de outros frutos Da árvore proibida do conhecimento Do que os traseiros rosados das revistas ilustradas, Toda essa pornografia na verdade simplória. Os livros que divertem não têm figuras. A única variedade são certas frases Marcadas com a unha ou com lápis. É chocante em que posições Com que escandalosa simplicidade Um intelecto emprenha o outro! Tais posições nem o Kamasutra conhece. Durante esses encontros só o chá ferve. As pessoas sentam nas cadeiras, movem os lábios. Cada qual coloca sua própria perna uma sobre a outra. Dessa maneira um pé toca o chão, O outro balança livremente no ar. Só de vez em quando alguém se levanta, Se aproxima da janela E pela fresta da cortina Espia a rua. (*) poetisa polonesa, em Poemas, página 85. Ricardo de Mattos |
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