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Domingo, 23/6/2013 Gabeira sobre os protestos Julio Daio Borges O discurso de Dilma Rousseff é facilmente desmontável. Não deviam colocá-la diante do teleprompter para ler aquilo. É impossível demonstrar o que disse: não há dinheiro público nos gastos da Copa. Ela vai passar dias na televisão sem demonstrar isto. Dilma acenou para receber os líderes, o que mostra como ela não está entendendo o movimento: não há líderes nem as pessoas que estão nas ruas querem líderes, porque se sentem líderes de si próprias. É falso a noticia de que vai lançar um plano para a mobilidade urbana. Na verdade, já lançou há algum tempo um PAC destinado a isto. Ela passou o tempo estimulando a compra de carros, reduzindo impostos e prolongando as prestações. Este é um modelo falido. É muito tarde para falar em plano de mobilidade urbana sem reconhecer esta realidade e sem compreender como, através de sua política, ela degradou a mobilidade urbana. É contraditório falar da lei de acesso as informações oficiais e, simultaneamente proibir a divulgações dos dados de suas viagens oficiais ao exterior. E falar em reforma política é apenas a maneira de empurrar com a barriga. Uma reforma política será feita no Brasil com pressão constante das ruas e participação maciça, através da rede. Achei a Dilma um pouco perdida, aliás já tinha dito(...) Ela precisava entender o momento das ruas e dizer com clareza que estava equivocada, que o Brasil não é aquele país que ela descrevia. A falência dos partidos, o combate à corrupção e a maneira mais racional de usar o dinheiro público para melhorar os serviços, todos são temas que devem se desdobrar no tempo. É um momento singular de manifestações populares no Brasil moderno. Há uma cisão entre os que conduziram o processo desde o fim da ditadura e os que hoje estão na rua pedindo uma democracia mais real. É preciso retomar o fio da meada, aprofundar a democracia. Como fazer isso, com que interlocutores, tudo isso acabará sendo respondido no caminho. Com esse sistema político existente é quase impossível haver cooperação produtiva entre o Brasil que está nas ruas e o parlamento. Será preciso mudar, com a pressão de baixo para cima, as regras do jogo e encontrar uma forma de convivência política que as pessoas respeitem. Todos os que conhecem o Brasil, sabem que existe não só aqui como em todo lugar do mundo, a chamada maioria silenciosa. Será preciso muita paciência e participação atenta para que se consiga avançar. O dado novo é que os brasileiros acordaram e essa nova força realmente pode impulsionar um novo momento histórico no país. Gabeira, em "Navegação na neblina" Julio Daio Borges |
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