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Sexta-feira, 29/4/2005 A vida eh doce Julio Daio Borges Aos poucos a vida vai tomando um rumo... A minha, a dos meus amigos, a de pessoas queridas. Maravilhoso ver ciclos abrindo e outros fechando. Tem gente triste, alegre, segura, insegura, rindo, chorando. Tem de tudo! Parece um mercado de sentimentos. Fico feliz em saber que vai chegar uma hora que vai estar tudo bem comigo e com as outras pessoas. O negócio é respeitar o tal tempo e fazer o que é possível. Pode ser também que vc encontre um anjo e ele te diga coisas lindas. Encontrei ontem. Ele vestia uma camiseta verde e uma bermuda cinza. Gato. Fui acordada e odeio isso! Seja acordada pelo despertador, seja lá como for. Não acho bacana esse negócio de uma hora pra outra vc ter que ser acordada, sem que estivesse com vontade de ser. Pois é, moro no térreo de um prédio e estou ficando louca por isso. Não morem no térreo, ninguém merece morar no térreo e ter como voz frequente a dos porteiros, normalmente reclamando da vida. Não suporto mais! Até o bocejo na maior altura do mundo me dá uma imensa vontade de meter a mão e quebrar os dentes do cara. Tenho que ser franca. Que saco! É impossível estudar e tenho que ficar bem antenada quando estou ao telefone, pq várias vezes eles passam aqui aos berros na janela e além de ser interrompida por esses gritos, eu ainda fico super sem graça com a pessoa que está do outro lado da linha. Não dá, não rola mais morar aqui. Até estava deitada em minha cama antes de dormir e antes de ser acordada pensando exatamente que "se pá" ficaria numa boa aqui até vencer o contrato. Seria apenas uma questão de redescobrir o apartamento... Enfim, não dá! Não suporto mais ter que saber da vida dos porteiros sem querer, sem ter o menor interesse. Sou obrigada, meu saco! Eles vivem falando pelos corredores, nunca estão em silêncio e eu nunca sei com quem tanto falam. Estou irada. Pode crer que eu estou. Agora entrei na onda de alugar seriado. Na locadora, vc aluga a temporada inteirinha e morre assistindo. Acho que vale a pena, deve valer. Fato é que isso diverte e, sinceramente, é só isso o que me importa. Sexta à noite, sábado e domingo quero ser alguém que só se diverte. Se não for assim, a vida fica sem graça. Ando com vontade de sair pra dançar, nem lembro qual foi a última vez que fiz isso. Hoje tem uma "festinha bacaninha" no circo, mas eu não costumo gostar de coisas assim. Não é dançante e vai haver muita gritaria. Não tenho ouvido pra isso e ainda não tenho estômago pra beber e desencanar do som. O Pedro não se anima. Agora, enquanto estou no computador, ele escreve um conto em outro canto. Algum carioca com uma dica de um lugar bacana pra ir? Peço sugestões sabendo que cariocas não irão me responder. Se algum deles visita isso daqui eu não sei... Ainda não sei nada do povo daqui, mesmo daqueles que vejo com mais frequência. Ainda bem que há mineiridade por essas bandas, ainda bem que existe um pouco de mim aqui e ali e me faz sentir menos nada. A simpática Funny Valentine, no dois perdidos num Rio de Janeiro limpo, que linca pra nós. Julio Daio Borges |
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