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Domingo, 30/3/2014
Wittgenstein e o Deus Predador
Duanne Ribeiro

Em Movimentos de Pensamento - Diários de 1930-32/1936-37, o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein escreve:

"O estar sozinho consigo mesmo - ou com Deus, não é como estar sozinho com um predador? Ele pode a qualquer momento pular sobre você. - Mas não é exatamente por isso que você não deve partir?! Isso não é, por assim dizer, o magnífico?! Isso não significa: conquiste o amor desse predador! - E, entretanto, temos de pedir: Não nos deixeis cair em tentação!"

Deus como predador, e nós à sua mercê; e no círculo dessa situação de temor e submissão, o espaço para o desenvolvimento de algum tipo de amor. Os conceitos em jogo parecem ser os mesmos que vemos no filme As Aventuras de Pi:

"A vida é imensa, deslumbrante e indiferente - e o homem é pequeno; eis o núcleo do filme de Ang Lee As Aventuras de Pi, adaptação do livro homônimo do escritor canadense Yann Martel, ganhador do Booker Prize de 2002. Essa ideia essencial transparece tanto no visual exuberante com que é retratada a natureza - em sua violência e sutileza - quanto no enredo, que conta a odisseia do rapaz indiano Pi, à deriva no meio do Pacífico, tendo como único companheiro um tigre branco. A história é narrada por Pi a Yann, com um adicional que estipula uma moldura religiosa a toda a narrativa: a sobrevivência ao longo de 227 dias, sob sol e solidão, contra a ameaça constante da fera, com um quase nada de recursos, é uma história que deve fazer com que Yann (e, por analogia, nós) acreditemos em deus."

Continue lendo a crítica do filme, que desenvolve essas ideias.

Duanne Ribeiro
30/3/2014 às 20h54

 

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