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Quarta-feira, 11/5/2005
Rufo, 80 II
Julio Daio Borges

Tenho duas memórias dos livros do Rubem Fonseca. Uma da alma, outra das lombadas. Uma delas permanece quente dentro do meu cérebro, memória de histórias secas, duras, violentas, que me golpearam a fundo. A outra, real, me olha da estante todos os dias, apertadinha entre outros escritores. Como se soubesse de tudo. O meu Rubem Fonseca não tem oitenta anos, não é um único homem e não se importa se machucar com suas palavras afiadas. São muitos homens, muitas mulheres, são putas, são Lúcias McCartneys, são milionárias, são criminosos, são homens comuns. No olhar furtivo que dou à prateleira, as duas memórias se embaralham. E o meu Rubem Fonseca mais uma vez me assusta, surgindo na minha lembrança num golpe rápido, para repetir mais uma vez que vida e morte vivem lado a lado, como a alma e a lombada. Parabéns por isso, Rubem. Por tudo e só isso: pela coragem de contar uma verdade tão dóida.

Lúcia Carvalho, em sua homenagem ao Rubem.

Julio Daio Borges
11/5/2005 às 13h57

 

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