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Segunda-feira, 13/10/2014
Paternidade
Julio Daio Borges

Eu queria namorar. Encontrar um grande amor. Mas, para mim, casar nunca foi uma ambição.

Casei porque foi com a Carol. Ela me convenceu a casar. Se não fosse com a Carol, não sei se teria casado.

Também não me imaginava pai. Achava muita responsabilidade.

Mas quando a Carol me contou que estava grávida, fiquei encantado. Embevecido; apesar de preocupado.

A gente gostava de "Catarina" e de "Joaquim". Veio a Catarina. Quando ela saiu da Carol com aquele cabelo *preto*, toda vermelha, lembrei imediatamente da minha avó, da minha mãe e lembrei de mim mesmo, quando bebê.

Ao contrário da maioria dos pais, eu queria aprender a cuidar: dar banho, trocar fralda, colocar para dormir...

Só não dava para amamentar, claro. Penteados de pai são bastante limitados, também. E quando a Catarina aprendeu a se arrumar sozinha, foi um alívio (sou péssimo para combinar roupas).

A Catarina deu muito pouco trabalho quando bebê. Comia bem, dormia bem, adoecia pouco. Deu o trabalho normal de qualquer criança saudável.

Aprendeu a falar muito cedo. Minha mãe cantava pra ela em espanhol. A mãe da Carol, em português. Quando entrou na escola, sua aula preferida era música.

Andou "tarde". Um mês depois de mim - de quem a minha mãe sempre reclamava, por eu ter feito tudo mais tarde (o Diego, em compensação, fez tudo mais cedo).

A Catarina escreveu cedo. Sempre lemos muito pra ela. Tanto que decorei as principais historinhas. A ponto de ela me pedir, quando esquecemos os volumes: "Papai, pode ler sem livro mesmo".

Acho que a Catarina não vai ter problemas na escola.

Ultimamente tem me feito perguntas complexas: "De onde vem a areia? De onde vem as pedras? Como se faz concreto?"

Eu falei pra ela perguntar pro vovô VItor Hugo, que é engenheiro civil.

A definição do dicionário não serve pra Catarina, por causa do vocabulário. O desafio é conseguir explicar os conceitos a partir do repertório dela.

A gente nunca está pronto para ser pai, essa é que é a verdade. Por mais que você se prepare, é tudo muito empírico. Instinto paterno?

E é uma ocupação full-time. Vai dormir pai. Acorda pai. Tem de prestar atenção. Porque está dando exemplo o tempo todo...

Eu não me imaginava pai. Agora não me imagino outra coisa.

É um privilégio ser o pai da Catarina. Recomendo vivamente a paternidade.

A gente passa a vida perseguindo objetivos grandiosos. E esquecemos de que ter uma família é algo ao alcance de qualquer pessoa.

(Repercussão...)

Julio Daio Borges
13/10/2014 às 17h02

 

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